SUZANE G. FRUTUOSO
Recém-formados no ensino superior interessados em participar dos programas de trainee não precisam esperar o segundo semestre para iniciar a inscrição nos processos seletivos das empresas. Neste mês, pelo menos nove grandes companhias têm 944 vagas abertas para profissionais de diferentes formações. As oportunidades são para todo Brasil, boa parte em São Paulo. Os salários são sedutores. A média é de R$ 4,5 mil.
O trainee é contratado pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e tem direito a todos os benefícios, que variam de uma corporação para a outra. Em geral, incluem plano de saúde, odontológico, participação nos lucros, vale transporte e vale refeição.
“Ele já é um funcionário. A diferença é que tem um mentor e o foco do seu cargo é seu próprio desenvolvimento para ocupar no futuro funções importantes, fazer carreira nesse lugar”, diz a consultora Leticia D’Incao, da Cia de Talentos, especializada em recrutamento.
A opção em adiantar a seleção dos candidatos surgiu quando as empresas perceberam que logo depois da formatura a maioria dos novos profissionais se dedica mais ao processo de escolha. “É como se estivessem com mais vontade, mais gás”, diz Leticia.
O final do ano costuma ser cheio de compromissos, inclusive no mundo corporativo. “Selecionar no começo do ano permite à empresa se organizar melhor para buscar novas equipes”, diz Elaine Saad, vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional).
O que não muda é o objetivo de encontrar os melhores profissionais. E isso não significa vir de uma universidade de primeira linha. “Estudos recentes indicaram que jovens egressos de faculdades menos badaladas compensam o que poderia faltar com determinação e atitude”, conta Elaine.
“Portanto, não tenha medo de arriscar.” Não desconsidere também pequenas e médias empresas. Muitas já contam com programas de trainee. “Os salários podem ser menores, mas a ascensão é mais rápida”, afirma Leticia.
Como entrar e ficar
Analista de marketing digital já é o terceiro cargo de Lucas Landim, de 25 anos, formado em mídias digitais. Ele começou como trainee logo depois de formado. “Consegui a vaga porque sou antenado com as novidades da minha área e mostrei que estava disposto a aprender ao máximo.”
O melhor de ser trainee, diz Lucas, é ter alguém para orientar. “Não pode se acomodar, mas também não precisa saber tudo.” Para garantir a contratação, ele se tornou referência para a equipe nos primeiros meses de atuação.
As corporações continuam buscando pessoas com vontade e comprometimento com a filosofia da empresa. O tal ‘brilho nos olhos’ ainda vale, assim como ser transparente, sem criar um personagem para as dinâmicas e as entrevistas. “Seja você”, explica Elaine. Hoje, o problema maior é o imediatismo da geração que chega ao mercado. “Os jovens profissionais precisam de mais cautela em relação às metas. Nada acontece em um estalar de dedos como acreditam”, acrescenta Leticia.
Os especialistas e as empresas se assustam com as expectativas de conquistas dos candidatos, que mais do que altas têm se mostrado agressivas. Correr atrás da chance é fundamental. Mas paciência também.
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