Depois de dois dias de operação policial na região conhecida como cracolândia, no centro da capital paulista, o tráfico de drogas no local desapareceu. Também foi possível perceber que o número de pessoas fumando crack diminuiu. Esta tarde, a reportagem da Agência Brasil percorreu as ruas antes ocupadas por traficantes e dependentes químicos e localizou apenas um grupo de pouco mais de dez usuários, em uma esquina da Praça Júlio Prestes.
O tenente Flávio Martinez, do 13º Batalhão de Polícia Militar (PM), disse que até o momento os resultados da ação são positivos. “Não tem mais aquela aglomeração tão grande de indivíduos usando entorpecentes”, ressaltou ao fazer um balanço da operação que envolve cem policiais militares, três bases móveis, 12 viaturas, 11 motos, além do apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM).
Desde ontem (3), foram feitas 350 abordagens, que resultaram em três prisões e três recapturas de foragidos da Justiça. Também foram apreendidas 40 pedras de crack, dois chassis de moto e duas pistolas de brinquedo. Além disso, o trabalho é acompanhado por uma equipe que faz a limpeza das ruas e prédios abandonados, e já retirou mais de 7,5 toneladas de lixo da região. A operação é mantida 24h e deve continuar por pelo menos 30 dias.
O especialista em segurança pública e pesquisador da Fundação Getulio Vargas, Guaracy Mingardi, alerta que, apesar do aparente sucesso da ação, a tendência é que os usuários simplesmente se desloquem para outros pontos da cidade. “Essa operação funciona do ponto de vista da urbanização, retomada da cidade. Mas, na verdade, estanca aquele foco, mas não impede o nascimento de outros”, disse Mingardi que foi subsecretário Nacional de Segurança Pública.
No entanto, para o tenente Martinez , a polícia está preparada para essa migração do uso e tráfico de crack. “Estamos trabalhando com a migração, em um primeiro momento, no entorno da Nova Luz. Então, todos os bairros adjacentes da Nova Luz tiveram o policiamento intensificado desde ontem”. Mas, de acordo com o oficial, ainda não foram detectados focos de aglomeração de usuários da droga.
Para combater o problema de forma mais efetiva, Guaracy Mingardi defende uma atuação voltada para a prisão dos traficantes. “Você tem que trabalhar com investigação, [prender] o traficante de médio porte, [prender] o distribuidor local, para diminuir a quantidade de crack circulando”.
As ações têm que ser combinadas, na opinião de Mingardi, com grandes campanhas de prevenção ao uso de crack, programas de redução de danos e ampla oferta de tratamento aos viciados. “ Se você trabalhar nessas coisas, vai diminuir a necessidade de ações como essa de hoje”.
Da Agência Brasil