By: Adv. Wagner Freitas / OAB/BA -70274
O pensamento e a palavra compõem as instâncias mais fáceis de atuação das intenções sendo, portanto, louváveis o avanço e o progresso no campo desses recursos. No entanto, a mera restrição a tais âmbitos, sem o efetivo exercício no plano das ações, pode se manifestar como uma gritante incoerência a que chamam, naturalmente, de hipocrisia. Diante disso, no dia 8 de Março, com o destaque relacionado ao dia da mulher, se torna cabível, para além das palavras e felicitações, uma breve reflexão sobre o rumo das ações nesse contexto, bem como uma breve análise das circunstâncias atuais que circundam as problemáticas pelas quais atravessam esse público.
Em primeiro lugar, é perceptível que diante de um rápido, mas atento olhar, se torna possível identificar vários problemas que atingem, pontualmente, as mulheres. Apesar do veemente combate protagonizado por elas nos últimos tempos, as raízes patrimonialistas, patriarcais, machistas e racistas - principalmente na sociedade brasileira - ainda encontram amparo nos solos férteis da ignorância. Ainda são nutridas pelos sórdidos fertilizantes das negligências estatais, culturais e sociais. Como resultado, temos uma coletividade social que colhe, constantemente, os frutos apodrecidos da manutenção das diversas violências, das opressões variadas, das altas taxas de feminicídio, entre outros desastres.
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Adv. Wagner Freitas / OAB/BA -70274 |
É óbvio que para além de congratulações uma vez por ano, urge a necessidade de conscientização aos(às) que ainda não a alcançaram, bem como da luta ativa que seja capaz de ultrapassar as barreiras da palavra e do mero raciocínio. É preciso que o olhar seja fixado nos diversos indícios naturalizados no dia a dia, nos mínimos detalhes, nas piadinhas que são consideradas expressões do humor dito inocente, porém que refletem tanto o atraso em que está submersa a cultura masculina, quanto a opressão a que está submetida a figura feminina.
Dizer "feliz dia da mulher!" é importante, porém é a parte mais fácil. Tem lá seu efeito simbólico, mas não preenche o vazio das omissões diárias, tampouco das controversas ações regularmente executadas. Para além do símbolo, fica o meu desejo de que passemos a lutar, efetivamente, por um mundo onde as simples homenagens coexistam com o respeito a toda e qualquer mulher, desdobrando-se em institutos solidamente assegurados que nos façam viver num contexto comum em que a tranquilidade e a paz feminina sejam reflexos de uma convivência digna e humana para todas as pessoas.