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quinta-feira, 3 de abril de 2025

Adolescência – Pais atentos, mas também mais conscientes!

Por: Keila Abreu / Fonte: Lizandra Monteiro
Divulgação/Netflix
Mais um tema das telinhas chamou a minha atenção nos últimos dias. Causou um medo silencioso — ou melhor dizendo, bem explícito — entre muitos pais que eu conheço, ou pelo menos nos que andei lendo por aí nas mídias digitais: o receio de não reconhecer mais os próprios filhos. A série Adolescência, da plataforma Netflix, causou um aperto nos corações e uma desconfiança eminente entre pais e seus filhos. O quarto trancado, os fones de ouvido constantes, a tela como companhia principal. A adolescência digital chegou — e com ela, uma enxurrada de julgamentos precipitados. Via maisregiao

Mas precisamos respirar fundo e enxergar com mais clareza — e também com muito mais consciência.
Não, seu filho não está tramando algo sombrio só porque prefere ficar sozinho. Não, sua filha não está em perigo só porque anda mais silenciosa que o habitual. Crescer vem com silêncio, com segredos, com descobertas que, sim, nem sempre incluem os pais. Isso é saudável. Isso é necessário. Lembro como foi comigo e acho que você se lembra como foi com você, certo? Mas precisamos reconhecer: a solidão e o silêncio de hoje não são os mesmos de antes.

Nunca se viu tantos adolescentes em terapia. Nunca se ouviu tanto sobre crises de ansiedade, autolesão, depressão e diagnósticos cada vez mais precoces. Isso não acontece por acaso. Há uma dor ali muitas vezes calada, acumulada, não compreendida. Algo está pedindo socorro. E não pode ser tratado com leveza demais.O que tenho visto, lido — e escutado por aí são generalizações perigosas sobre uma geração inteira. Como se todo adolescente fosse instável, rebelde, agressivo ou emocionalmente desequilibrado. Como se o risco estivesse dentro de casa, dormindo com o inimigo no quarto ao lado. (Aliás, esse é o título de um outro filme!) Mas isso simplesmente não é a verdade verdadeira.

A nova geração traz, sim, muitas marcas bonitas: enxergo mais empatia, mais abertura ao diálogo, mais tolerância às diferenças. São jovens com novos códigos e também com novas formas de se expressar, de amar e de pertencer. Mas junto disso, há uma sensibilidade imensa. Um acúmulo de estímulos, pressões e carências emocionais que, quando não acolhidos, machucam fundo.

A série, de fato, nos serve como um espelho desconfortável. Um super alerta sobre o que pode acontecer quando deixamos de estar emocionalmente disponíveis. Mas não podemos tomar a exceção como regra. Acredito que o personagem central da série é um caso raro, extremo. Ele choca e justamente por isso, deve nos fazer refletir. Mas ele não é a maioria. Não é o seu filho. Nem todos os nossos adolescentes.
Claro que os pais precisam estar atentos. Mas atenção não é o mesmo que paranóia. Cuidado não é controle. Amor não é vigilância constante. A base continua sendo a mesma de sempre: presença, escuta, limites e afeto.

Mais do que vigiar, é preciso aprender a escutar, mesmo quando eles não dizem nada. Porque a adolescência não é um território hostil. Mas também não é terreno neutro. É um momento delicado, onde tudo é vivido com intensidade, e por isso exige de nós e dos pais muito mais do que antes.

Adolescência é uma travessia. E essa travessia pode ser melhor se for compartilhada, não é mesmo?

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