Por Francisco Lima Neto | Folhapress
Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil
O Brasil contabilizou 206 transplantes de coração realizados no primeiro semestre deste ano, segundo o Ministério da Saúde. O número é 16% maior que o registrado no mesmo período de 2022. Via Bahia Noticias
O quadro de saúde do apresentador Fausto Silva, o Faustão, o coloca como prioridade na fila de transplantes, segundo especialista. O apresentador está internado desde 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, tratando uma insuficiência cardíaca e fazendo diálise. Ele entrou na fila do transplante para receber um novo coração.
O Ministério da Saúde afirma que o Brasil tem o maior sistema público de transplante de órgãos do mundo. Por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), os pacientes recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, diz a pasta.
A lista para transplantes é única, valendo tanto para pacientes do SUS como para os da rede privada.
O agendamento funciona por ordem cronológica de cadastro (ordem de chegada) e segue ainda outros critérios, como compatibilidade, gravidade do caso e tipo sanguíneo do doador. Pacientes em estado crítico, contudo, podem ser atendidos com prioridade.
O Sistema Nacional de Transplantes tem em sua composição a Central Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e as Centrais de Transplantes estaduais, dentre outros atores envolvidos no processo de doação e transplante de órgãos e tecidos.
As listas de espera para transplante são geridas pelas centrais estaduais. Os órgãos destinados à doação não utilizados no próprio estado são direcionados para a central nacional, que busca um receptor na lista única.
Segundo dados do Ministério da Saúde de 16 de agosto, 386 pessoas aguardam um órgão no Brasil.
De acordo com o médico João Vicente da Silveira, especialista em cardiologia, após a inclusão na lista o paciente precisa esperar chegar a sua vez. Mas casos graves, como o de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), tornam-se prioritários.
"Esse paciente passa na frente. Por exemplo, o Faustão está hoje na UTI. Ele está tomando medicamentos na veia para fazer o coração bater mais forte. Isso é momentâneo, não é eterno. Mas como ele está com uma gravidade maior, ele 'fura a fila'. Mas tem que estar na UTI e ser justificado", afirma Silveira.
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e já estão aguardando em uma lista de espera unificada e informatizada. Além da compatibilidade sanguínea entre doador e receptor, a compatibilidade genética entre doador e receptores, quando necessária, é determinada por exames laboratoriais.
Outro fator importante é a localização, uma vez que é necessário verificar o tempo de duração do órgão fora do corpo. Dependendo do prazo, o transporte do órgão até o destino é feito em avião.
No Brasil, o órgão mais esperado para transplante é o rim, com 36.690 pessoas na fila de espera. A córnea está em segundo lugar, com 25.689, e o fígado aparece na sequência, com 2.253. O coração, caso do apresentador Fausto Silva, está em 5º lugar.
O estado com mais pessoas na fila de transplante é São Paulo, com 23.671. O segundo é Minas Gerais, que tem 7.096, seguido por Rio de Janeiro, com 6.138 pacientes na fila.
Neste ano, até o último dia 16 foram realizados 11.264 transplantes no Brasil, no total, sendo 5.946 de córnea, 3.544 de rim, e 1.417 de fígado. Houve ainda 244 transplantes de coração.
No mesmo período de 2022, foram 16.733 transplantes no país.
TRANSPLANTE DE CORAÇÃO
O coração, após ser removido do doador, tem prazo de quatro horas para ser implantado no receptor. Depois desse prazo, o órgão começa a se deteriorar.
"Do ponto de vista logístico, a cirurgia tem que ser muito bem ordenada. A captação tem de ser coordenada de tal forma que o cirurgião que está com o paciente que vai receber o coração termine o transplante em um prazo de quatro horas", afirma o médico Samuel Steffen, cirurgião cardíaco da Rede D'Or e do Incor (Instituto do Coração).
Após o transplante, o período de 24 a 48 horas é o mais crítico para o processo de adaptação do novo coração no organismo, mas a maioria dos pacientes vai bem nessa fase, acrescenta o cirurgião.
"Quando passa pelo transplante, o paciente acaba tendo que ficar, em média, 30 dias internado, que é o pós-transplante. A partir do momento que você troca o coração, precisa cuidar de uma situação que chama-se rejeição. Tem de ajustar as medicações para o organismo não rejeitar esse coração", afirma.
O paciente precisa manter uma rotina de acompanhamento médico. Até seis meses após o transplante, essa rotina consiste em consulta mensal; depois passa para uma consulta a cada dois meses, e na sequência vai espaçando. Os cuidados se mantêm para evitar a rejeição do órgão.
"A gente sempre fala que a sobrevida em dez anos é muito boa. Só que a medicina tem evoluído muito nos últimos anos, principalmente em relação ao tratamento da rejeição", diz Steffen.
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