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sábado, 8 de julho de 2023

Com recorde de jovens no mundo, campanha quer ouvir o que eles pensam

Organizações buscam opinião da juventude para subsidiar políticas
Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
"Poderia ter mais aulas de educação sexual nas escolas. Entendi o que era abuso sexual e que eu sofria isso dentro de casa, quando assisti a uma palestra no 3º ano. Aquilo mudou minha vida e me ajudou a denunciar o infeliz do padrasto com o qual fui obrigada a conviver”. O depoimento é de uma jovem que colaborou com a campanha 1.8 Bilhão de Jovens pela Mudança, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Estrada e transporte. Tenho que andar muitos quilômetros para ir à aula. Quando chove, a lama bate no joelho. Já fiquei mais de uma semana sem conseguir ir à escola na temporada de chuva", diz outro jovem.

Os pedidos desses dois jovens são algumas das demandas coletadas pela campanha da OMS, organizada pela Partnership for Maternal, Newborn & Child Health, maior aliança global em defesa da saúde de mulheres, crianças e adolescentes (PMNCH, na sigla em inglês).

O número de 1,8 bilhão é referência ao contingente da população entre 10 a 24 anos vivendo no planeta, segundo o Fundo de População das Nações Unidas. A iniciativa quer ouvir pessoas entre 16 e 24 anos em todo o mundo.

“Nunca tivemos tantos jovens habitando a Terra juntos, ao mesmo tempo que nunca tivemos tanta negligência com o bem-estar da juventude, seja em qual país for. Os índices de depressão, desnutrição, evasão escolar e outros problemas que afetam a saúde física e mental da juventude são altíssimos. Ninguém melhor que o próprio jovem para dizer quais são as necessidades deles que precisam ser atendidas pelo poder público”, explica Bethânia Lima, relações públicas e líder mobilizadora da campanha no Brasil.

Estudantes universitários no campus Praia Vermelha da UFRJ. Campanha quer ouvir demandas da juventude - Tânia Rêgo/Agência Brasil

O questionário receberá as respostas dos brasileiros até 31 de julho. Os organizadores esperam conseguir as opiniões de pelo menos 50 mil pessoas aqui no país e 1 milhão em todo o mundo.

A campanha é totalmente online por meio de um site. O jovem não precisa se identificar completamente. Bastam informações como idade, região e identidade de gênero. As respostas são protegidas por leis de proteção de dados. Por isso, a Agência Brasil não teve acesso aos nomes dos autores dos depoimentos do início da reportagem.
Desafios

Números mostram os desafios presentes no cotidiano da população jovem. O Atlas da Violência 2021, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), aponta que a juventude representa mais da metade das mortes violentas no país. Dos mais de 45 mil homicídios ocorridos em 2019, 51% vitimaram jovens entre 15 e 29 anos. “São 23.327 jovens que tiveram as vidas ceifadas prematuramente, em uma média de 64 jovens assassinados”, detalha o levantamento. Leia mais na agenciabrasil

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