Aos 22 anos, Gabriel Matias Santos é destaque nas competições de goalball e espera ansioso para recomeçar a faculdade. O jovem fala com orgulho das vitórias alcançadas ao longo da vida e foi uma das vozes marcantes durante sessão especial na Câmara de Itabuna segunda-feira (13) – Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual.
“Eu nasci com perda total da visão; comecei a enxergar aos dois anos, com uma lente intraocular que ganhei de presente do doutor Ruy [Cunha]. Aos 12 anos, perdi a visão do olho direito com uma pancada. Mas tenho a visão do esquerdo e sou muito feliz por isso”, contou.
Proposta pelos vereadores Israel Cardoso (Agir) e Marcelo Souza (Cidadania), a solenidade também mostrou a relevância do trabalho da Fundação Regina Cunha (FURC). A entidade, presidida por Ivy Cunha, atendeu a 25 mil pessoas desde 2013 e trouxe o que há de mais avançado para incluir – desde banco de olhos a centro de reabilitação visual.
Sobre a postura da população, ela conclamou: “Precisamos ter consciência de que é preciso corrigir essa cegueira da sociedade, em relação à contribuição que todas as pessoas com deficiência visual têm para o desenvolvimento da cidade”.
José Pereira Costa Júnior, de 54 anos, convive há oito com a baixa visão e descobriu um novo caminho de possibilidades. “Nesse dia, nós nos tornamos visíveis; na maioria das vezes, somos estigmatizados como incapazes. Devido a isso, temos que nos virar em dobro ou em triplo para se superar”, desabafou.
Por mais acesso
A presidente da Associação de Cegos do Sul da Bahia (ACSB), Ione de Jesus Pereira, atleta do Núcleo de Esportes Adaptados (NEAB), agradeceu o apoio da FURC para exames e laudos antes de competições, além do acompanhamento psicológico. “Não é fácil para um deficiente visual ir para a fila do SUS, sem saber onde consegue uma requisição”.
Ela citou as aulas de orientação e mobilidade na citada fundação e criticou: “Infelizmente, a nossa cidade não é acessível e a gente não tem que ficar em casa esperando, temos que sair e brigar pela acessibilidade. Tem aqui dentro da Câmara, mas o cego sai e não tem piso tátil até o ponto de ônibus”.
Israel Cardoso adiantou que pretende atuar pela reformulação do Conselho da Pessoa com Deficiência, para um elo apontando urgências. Marcelo Souza deixou claro o quanto a Casa poderá propor soluções para corrigir a falta de acessibilidade ali relatada. “Depois de ouvir esses relatos, nossa responsabilidade aumenta ainda mais. Já existe lei, precisamos intensificar a fiscalização”, acrescentou Israel.
Ex-presidente da Câmara, o secretário Ricardo Xavier (Cidadania) constatou os resultados após aquela sessão: “Não tenho dúvidas de que, a partir de agora, nossa visão vai ser mais apurada, mais comprometida”. E pontuou sobre as providências tomadas em favor da acessibilidade na Casa, com ações como piso tátil, banheiros adaptados e elevador.
A secretária de Saúde, Lívia Mendes, não pôde comparecer, mas enviou mensagem informando que em 2022, o município terá o serviço de reabilitação visual. “É importante, inclusive pelo papel social de inclusão dos pacientes com baixa visão; extrapola apenas a questão de saúde”, justificou. Já a Secretaria de Educação foi representada por Lindiana Gomes, Coordenadora da Divisão Técnica da Educação Inclusiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário