O total de focos de queimadas registrados na Amazônia Legal em maio deste ano foi 49% maior que o número registrado no mesmo mês de 2020, apontam dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é ainda 34,5% superior à média histórica do mês. Foto: Reprodução/Greenpeace
Segundo o G1, os dados são motivos para preocupação já no início da temporada de queimadas no Brasil, que começa entre maio/junho e segue até setembro/outubro. Além disso, a Amazônia ainda enfrenta recordes de desmatamento há três meses consecutivos.
Em maio de 2021 foram registrados 2.679 focos de fogo na floresta. Em 2020, no mesmo mês, foram 1.798. A média histórica para o mês é de 1.991 focos, e o recorde para maio ocorreu em 2004, quando houve 5.155 pontos. O Inpe monitora os dados de queimadas em todos os biomas brasileiros desde 1998.
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e engloba a área de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.
"Maio traz números alarmantes para a atividade de fogo para a região. (...) Isso indica que as condições de fogo na Amazônia, as queimadas de desmatamento vão ser bastante catastróficas esse ano, a não ser que algo seja feito e que haja uma redução do desmatamento", afirma Paulo Brando, pesquisador do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e professor da Universidade da Califórnia.
Os dados, que são do governo federal, mostram ainda aumento de queimadas na região Norte do país. Foram 1.210 focos registrados em maio, pior mês na série histórica na região. Em 2016, o recorde para o mês foi de 999 focos de fogo.
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, lembra que o fogo na Amazônia só ocorre quando há uma junção de três fatores: tempo seco (comum nesta época do ano), material combustível no chão (com árvores cortadas, fruto do aumento do desmatamento), e criminosos para atear o fogo.
“Esses criminosos estão trabalhando mais do que nunca porque o governo diminuiu a fiscalização de campo e os deixou muito à vontade pra praticar seus crimes”, afirma Astrini.
Para Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama entre 2016 e 2018, a Amazônia está nas mãos desses criminosos porque o governo pratica uma “antipolítica ambiental”.
“A visão do governo Bolsonaro para a Amazônia é uma visão que prevê a queda da floresta. Prevê também a desconsideração de direitos dos indígenas, de outras populações tradicionais e dos povos da floresta. É um a perspectiva de tragédia do ponto de vista socioambiental. É inadmissível”, diz Suely.
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