Segundo o Nubank, o capital será usado para aumentar oferta de produtos e na expansão internacional da empresa
O Globo*Foto: Paulo Whitaker/Reuters
O Nubank anunciou nesta terça-feira ter recebido um aporte de US$ 500 milhões da Berkshire Hathaway, a gestora do bilionário Warren Buffett, e outros US$ 250 milhões da americana Sands Capital em parceria com as brasileiras Verde Asset e Absoluto Partners. Com isso, o banco digital brasileiro, start-up considerada um "unicórnio" por ter ultrapassado a valorização de US$ 1 bilhão em 2018, atinge agora valor de mercado de US$ 30 bilhões.
A operação coloca o Nubank na posição de quarto banco mais valioso da América Latina, na casa dos R$ 150 bilhões. A instituição, assim, só vale menos que o Itaú (cerca de R$ 280 bilhões), o Bradesco (R$ 230 bilhões) e o Santander Brasil (R$ 170 bilhões), segundo dados da Empiricus.
Está na frente do Banco do Brasil (R$ 103 bilhões) e de instituições financeiras como XP (R$ 115 bilhões) e BTG (R$ 112 bilhões).
Para muitos analistas, isso é um indicativo se que o Nubank, em breve, deverá abrir seu capital. O perfil dos novos investidores, que atuam mais em Bolsas de valores, seria uma sinalização deste provável futuro movimento.
Buffet é um dos homens mais ricos do planeta, com fortuna superior a US$ 100 bilhões. Tem negócios em sociedade com o 3G, fundo do também bilionário brasileiro Paulo Lemann. Mas investimentos diretos pelo americano em empresas brasileiras são raros, o que mostra o bom momento do Nubank.
Maior banco digital autônomo do mundo
O Nubank se diz o maior banco digital autônomo no mundo e com a maior carteira de clientes: 40 milhões de correntistas. Nos cinco primeiros meses do ano, a instituição conseguiu crescer a um ritmo de 45 mil novos clientes por dia.
Além disso, dentro de sua nova estratégia de seguros, o Nubank - que também atua na Colômbia e no México - somou 100 mil apólices em três meses.
O desempenho no Nubank é visto com cautela por analistas. Para Max Bohm, da Empiricus, faltam fundamentos claros para que o banco valha mais que XP, BTG ou Banco do Brasil
- A questão é que estamos falando de um banco que tem apenas prejuízos. Não vejo fundamentos para que uma instituição que deva ter uma nova perda anual na casa dos R$ 300 milhões valer mais que outras que lucram bilhões - disse ele.
Bohm acredita que é preciso ver qual a motivação dos fundos que fizeram os aportes: acreditam que o Nubank vai se valorizar ainda mais ou apenas estão pensando em uma eventual abertura de mercado da empresa?
Se a ida à Bolsa ocorrer em uns 12 meses, como estima o mercado, conseguirão obter uma boa rentabilidade por esses aportes?
Bohm aposta na segunda opção. Para ele, o Nubank terá muita dificuldade de obter rentabilidade, pois, para isso, teria que passar a cobrar por produtos e serviços em um ambiente de alta competição, onde seus clientes poderiam migrar facilmente para outras instituições como Banco Inter ou Picpay.
Apesar de estar ampliando a gama de serviços, o Nubank ainda não teria, em sua opinião, uma gama de clientes tão fiel quanto às instituições tradicionais do país.
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