Perfurações verticais feitas pela Vale foram o gatilho para a liquefação que provocou o rompimento da barragem de Brumadinho na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em 2019. A conclusão sobre a causa da tragédia, que deixou 270 pessoas mortas, foi informada nesta sexta-feira (26) pela Polícia Federal (PF). Foto: Reprodução/TV Globo
A investigação aponta que a Vale contratou, em outubro de 2018, uma empresa para identificar as condições de resistência de diferentes seções da barragem. A parte mais baixa da estrutura era composta por um material mais fino, de baixa capacidade de suporte e, portanto, mais frágil.
A empresa contratada entregou à mineradora um diagnóstico em dezembro do mesmo ano, mas, antes de processar e analisar os resultados, a Vale deu início a perfurações verticais na barragem.
A mineradora tinha dois objetivos: complementar a investigação geotécnica iniciada pela contratada para identificar os materiais de cada ponto da estrutura e instalar novos instrumentos de monitoramento.
A empresa começou a perfurar uma área crítica da barragem cinco dias antes da ruptura. No 25 de janeiro, quando o rompimento ocorreu, o trabalho atingiu o ponto mais frágil, o que gerou uma onda de liquefação.
De acordo com o perito, em uma barragem com condição de estabilidade aceitável, uma perfuração não seria suficiente para provocar o rompimento.
Em setembro de 2019, a PF indiciou sete funcionários da Vale e seis da consultora TÜV SÜD por falsidade ideológica e uso de documentos falsos. As duas empresas também foram indiciadas.
Conforme a corporação, funcionários das duas empresas celebraram contratos utilizando informações falsas contidas nos documentos de Declaração de Condição de Estabilidade (DCE), que permitiram que a barragem seguisse funcionando mesmo com critérios de segurança abaixo dos recomendados.
De acordo com a PF, a partir do laudo, novas diligências serão realizadas. As investigações continuam.
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