O número de pessoas desalentadas mais do que dobrou desde 2012
O nível de desalento está alto no Brasil: 4,9 milhões de brasileiros desistiram de procurar emprego no segundo trimestre de 2019, segundo dados do IBGE. A pesquisa realizada pelos economistas Paulo Peruchetti e Laísa Rachter, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), analisou dados de 2012 a 2019, e identificou que os grupos que mais sofreram foram os de jovens com idade entre 14 e 23 anos (33,5%), mulheres (55,2%), pessoas com baixa escolaridade (41,2%, com ensino fundamental incompleto) e que se declararam pardas ou negras (73%). A região Nordeste concentra 60% desse grupo, puxado pelo estado da Bahia (15,7%).
A pesquisa foi feita com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) e foi elaborada para entender o perfil de quem está desistindo do mercado de trabalho, como estão distribuídos os desalentados pelo território brasileiro e os motivos que levaram a esse nível de desalento.
Segundo o FGV IBRE, a principal razão declarada como causa do desalento é a escassez de emprego na localidade da residência dos trabalhadores (63%). "Isso acaba mostrando a falta de dinamismo da economia local, fator que ajuda a explicar porque as pessoas estão desalentadas", analisou Peruchetti. As demais respostas incluem falta de trabalho adequado, o fato de ser jovem ou idoso e, por último, falta de qualificação.
Para o economista, a perda acumulada de 8,2% no PIB, durante a recessão, e a lenta recuperação da economia – que cresceu 1,1% nos últimos dois anos e deve repetir o desempenho este ano, segundo as projeções do FGV IBRE – impactaram fortemente o mercado de trabalho. "Este aumento do número de pessoas desalentadas, provocado pelo enfraquecimento da economia, ajuda a explicar o porquê do número de pessoas subutilizadas no mercado de trabalho está tão elevada", destacou Peruchetti.
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