por Lucas Arraz / www.bahianoticias.com.br
Equipamentos empacotados no Hupes | Foto: Leitor BN / WhatsApp
Apesar da fila da regulação na Bahia contar até com 1,4 mil pacientes esperando por uma internação, um dos hospitais localizados na capital baiana tem mais de 400 leitos ociosos, 6 salas de cirurgia paradas e até 1 médico pediatra para cada criança internada.
A realidade do Hospital Universitário Profº Edgard Santos (Hupes), o Hospital das Clínicas, voltou a ser criticada nesta terça-feira (29) por médicos da unidade. Os servidores acusam a má gestão do diretor Antonio Carlos Lemos, há pelo menos 10 anos no cargo, pela ineficiência.
“A taxa de ocupação da Hupes está em 150 pacientes, quando a unidade foi projetada para receber até 560 pessoas. Temos 2 mil funcionários custeados pelo estado e preparados para atender os leitos que estão ativos, mas não são ocupados”, revelou uma médica, que diz ser perseguida pela direção desde que iniciou as denúncias.
O Bahia Notícias revelou, em dezembro, que o espaço localizado no bairro do Canela está com obras atrasadas, materiais e equipamentos, a exemplo da máquina de ressonância magnética, empacotados, sem uso e espalhados pelos corredores do hospital e setores, como a Unidade de Diálise, fechados "para uma reforma que nunca acaba" (veja aqui).
A culpa da gerência, de acordo com outro servidor, está na falta de organização logística do local. “O hospital está entupido de funcionário. Temos aparelho de medicina nuclear sem funcionar há 10 anos, mas médicos nucleares sendo pagos há 4 anos. Temos plantão pediátrico com 6 médicos ao mesmo tempo com 4 pacientes”, relatou.
Os ambulatórios também estariam fechados, assim como 6 das 10 salas de cirurgia. De acordo com relatos de funcionários, com o sistema de ar-condicionado quebrado, o serviço de esgoto apresentando problemas e o funcionamento ineficiente dos elevadores, a solução encontrada para a falta de manutenção foi suspender as atividades dos espaços.
O centro de Diálise, inaugurado nesta semana e divulgado pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), só deve começar a receber pacientes em março, relatou uma médica do local. Um dos equipamentos teria apresentado problemas ainda durante a cerimônia de inauguração.
Em meio ao caos apontado, o mandato do diretor Antonio Carlos Lemos teria chegado ao fim no dia 18 de novembro. Uma nova eleição foi feita e Lemos, que fiscalizou e conduziu o processo enquanto permanecia na cadeira de diretor, foi mais uma vez eleito para o cargo. O resultado foi suspenso em decisão liminar da Justiça, assinada no último dia 14.
Em 2013, a Universidade Federal da Bahia (Ufba), que detém o Hupes, celebrou um contrato de gestão com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que atua na administração de hospitais universitários federais e indicou o novo diretor.
Em nota, a Ufba negou as acusações e apontou que está com 277 leitos ativos e funcionando normalmente com as cirurgias e internações. A universidade não comentou o processo eleitoral. Leitos ativos são os disponíveis para atendimento, mas não necessariamente estão ocupados.
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