por Fernando Duarte
O ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB) foi implicado, de maneira mais contundente, como beneficiário de recursos desviados da Caixa pelo relatório da Polícia Federal na Operação Cui Bono?. As informações foram divulgadas no mesmo dia em que o irmão dele, deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB), frisou que, até o momento, Geddel segue sendo um político ficha limpa. Tecnicamente, Lúcio está certo. Geddel não foi condenado em nenhuma sentença de órgão colegiado e, portanto, estaria apto, por exemplo, a ser candidato nas eleições de 2018. Algo, no mínimo, improvável. O cerco se fechou ainda mais contra o cacique político baiano. Geddel foi acusado pela PF de ter recebido R$ 16 milhões em propinas por meio do doleiro Lucio Funaro, operador do MDB no esquema, de acordo com o relatório. Entre as evidências citadas no documento está o cruzamento de dados das redes de telefonia celular, que colocou Geddel nas proximidades do Aeroporto de Salvador nos dias em que Funaro relatou ter entregue malas de dinheiro para o ex-ministro em um hangar anexo ao aeródromo. Deflagrada em janeiro de 2017, Cui Bono? foi o início do novelo que colocou Geddel de novo na cadeia, oito meses depois, quando foram encontrados R$ 51 milhões em um apartamento no bairro da Graça em Salvador. A cada nova investida da PF, o ex-ministro parece mais distante de deixar o Complexo da Papuda, onde reside desde o mês de setembro do ano passado. Além dele, o próprio irmão, Lúcio Vieira Lima, também vive uma delicada situação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, onde responde a um processo de cassação. Assim como o irmão, todavia, Lúcio é considerado ficha limpa e está apto a ser candidato em 2018 – necessitando ser reeleito para manter a prerrogativa de foro. Eis que a condição dos Vieira Lima mostra o quanto o Brasil é um país repleto de peculiaridades. Enquanto os dois emaranhados em denúncias como a famosa foto com as malas de R$ 51 milhões e abandonados por parcela expressiva dos aliados são considerados aptos a serem candidatos no pleito de outubro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo liderando as pesquisas de intenção de voto, está impedido pela legislação de pleitear o Palácio do Planalto. São particularidades demais para um país como o nosso.
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