Foto: Eny Miranda / GOVERJ
A Copa do Mundo da Rússia será a primeira em 11 edições sem Joseph Blatter no comanda da Fifa. No entanto, o dirigente está longe de sair dos holofotes e, às vésperas do torneio, polemizou com relatos e denúncias de quando mandava no futebol. Em livro publicado na Europa - Ma vérité Minha Verdade (Éditions Héloïse d’Ormesson) –, o suíço relata bastidores do caso de corrupção envolvendo os brasileiros João Havelange (seu antecessor) e Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF). Ele afirma que “descobriu” que dinheiro de uma emissora brasileira de TV teria sido desviado para criação de uma “caixa preta” no futebol. O caso se refere à quebra e falência da empresa de marketing esportivo que vendia os direitos de transmissão dos jogos das Copas e agia de forma independente, a ISL. Ela também era suspeita de pagar propinas, inclusive para os dirigentes brasileiros. O ex-presidente explica que em 2001 “o tribunal cantonal de Zug (na Suíça) abriu processo judiciário contra a ISL” e que os procuradores tomaram a decisão de fazer “uma operação de busca na Fifa”. Segundo "O Estado de S. Paulo”, Blatter não revela o nome da emissora e nos documentos do tribunal que investigou o caso, ela também é mantida em sigilo. A Rede Globo tinha os direitos de transmissão das Copas de 2002 e 2006, período em que a ISL atuava. A emissora disse desconhecer o caso. “O Grupo Globo sempre negociou direitos de transmissão de boa-fé. Nas suas relações comerciais, como em todas as suas atividades, nada é mais importante do que adotar práticas éticas e transparentes. O Grupo Globo não tem conhecimento desses fatos e reafirma que não tolera nem paga propina”. Já Blatter explica que se recusou a acreditar no envolvimento de João Havelange – ele foi secretário-geral da Fifa quando o brasileiro presidia a entidade. “Penso em Teixeira e não em Havelange. Para mim, é a estátua do comandante e em nenhum momento pensei que ele estaria envolvido nesse caso”, diz. Ele conta que “viu passar uma transferência de US$ 1 milhão (R$ 3,7 milhões em valor atual) da ISL para Havelange”, e imediatamente mandou devolver ao contador achando que tinha sido um erro. Ele revela que a ISL começou a pagar propinas para manter os contratos com a Fifa, e tudo a mando dos dirigentes brasileiros. “Levou uma década de inquérito e processo para eu entender com detalhes o sistema que foi criado por Havelange e Teixeira, um sistema que eu totalmente estava fora”, conta. O Tribunal de Zug indicou que Havelange ficou com US$ 1 milhão. Já Teixeira, levou US$ 12,4 milhões (R$ 45,8 milhões na cotação atual).
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