A ex-presidente Dilma Rousseff disse em nota que o ex-ministro Antonio Palocci mentiu em depoimento ao juiz Sergio Moro nesta quarta (6) ao afirmar que a Odebrecht foi beneficiada ao ganhar a concessão do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
No depoimento, Palocci contou que a Odebrecht selou um "pacto de sangue", pelo qual o grupo tornou disponível uma propina de R$ 300 milhões para o PT, na passagem do governo Lula (2003-2010) para a gestão de Dilma (2011-2016) na Presidência. O acordo, segundo Palocci, foi proposto por Emílio Odebrecht porque ele temia ter uma relação difícil com Dilma, diferentemente do que ocorria com Lula.
A concessão do aeroporto do Galeão para a Odebrecht teria sido uma espécie de compensação pelo fato de a OAS ter ganho o direito de administrar o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP), ainda de acordo com Palocci.
"O ex-ministro declarou perante a Justiça Federal que a decisão do governo Dilma de não permitir que um consórcio ou empresa ganhasse mais de um aeroporto foi criada pela presidenta eleita para beneficiar diretamente a Odebrecht. Isso é uma mentira!", disse Dilma em nota divulgada nesta quinta (7).
Segundo ela, essa cláusula visava "gerar concorrência entre as empresas concessionárias de aeroportos". "Buscou-se evitar que, caso uma empresa tivesse a concessão de dois aeroportos, priorizasse um em detrimento do outro", afirma.
Dilma diz ainda que os valores envolvidos na concessão desmentem o relato de Palocci. "A empresa Odebrecht, que ganhou a disputa junto com o grupo Changi, pagou R$ 19,0 bilhões pela outorga do Galeão. Sem dúvida, é a maior outorga paga por aeroportos no Brasil, o que afasta a acusação de beneficiamento indevido declarada por Palocci".
Outorga é o jargão que designa o valor que a empresa oferece para ficar com um certo bem público. No caso do aeroporto de Guarulhos, a outorga paga pela empresa Invepar, criado pela OAS, e a ACSA foi de R$ 16,2 bilhões.
Segundo a nota, Palocci inventou esses fatos porque já foi condenado a 12 anos de prisão na Operação Lava Jato e busca fechar um acordo de delação premiada para não reduzir a pena.
O depoimento de Palocci foi considerado devastador por petistas para a eventual candidatura de Lula à Presidência no próximo ano. Em abril deste ano, Lula disse em rede social: "Não tenho preocupação com nenhuma delação. Palocci é meu companheiro há 30 anos, é um dos homens mais inteligentes desse país".
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