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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Campanha de Henrique Alves usou empresas de fachada para lavar propina, diz Justiça

O juiz federal Francisco Faria, do RN, apontou que prisão do peemedebista se justificava por ocultar recursos no exterior e manter “intensa atividade política”
AGUIRRE TALENTO 
A campanha do ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) movimentou milhões por meio de empresas de fachada usadas para lavar dinheiro de origem ilícita, afirmou o juiz federal Francisco Farias, da 14ª Vara Federal do Rio Grande do Norte, na decisão que prendeu o peemedebista nesta terça-feira (6), obtida por ÉPOCA.

Segundo o despacho, as provas “assinalam possível utilização de empresas de fachada, sem aparente funcionamento regular, e empresas de familiares do investigado para justificar, em prestação de contas eleitorais, a utilização de recursos indevidos na campanha eleitoral de Henrique Alves”. Esses valores indevidos foram pagos, segundo a investigação, pelas empreiteiras OAS, Odebrecht e Carioca Engenharia, contando com a intermediação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também alvo de mandado de prisão. Henrique foi derrotado na disputa ao governo do Rio Grande do Norte.

O ex-ministro Henrique Eduardo Alves foi preso nesta terça-feira (6) (Foto: Magnus Nascimento/Tribuna do Norte / Agência O Globo)
Uma das empresas, a ART&C Marketing Político, recebeu R$ 1,3 milhão da campanha de Henrique Alves e tem como sócios Arturo Câmara, seu cunhado, e Cassiano Câmara, seu sogro. “A empresa declarou a existência de apenas um funcionário entre 2012 e 2014, e nenhum em 2015”, apontou o juiz Francisco Farias.

Outra, a Pratika Locação de Equipamentos, recebeu R$ 9 milhões da campanha para “atividade de militância de rua”, mas realizou “vultosos” saques de dinheiro em espécie, que geraram alertas de movimentação financeira incompatível pelo Coaf. A suspeita do Ministério Público Federal é que o dinheiro em espécie tenha sido usado para compra de votos.

Mais uma empresa citada no despacho é a Paulliart Serviços de Impressão, que recebeu R$ 1,1 milhão da campanha, mas era comandada por laranjas, segundo o Ministério Público Federal. Um de seus sócios, Paulo Roberto Cardoso dos Santos, antes trabalhava de mecânico em outra empresa, com salário de R$ 833. A empresa não foi localizada pelos investigadores no local onde deveria funcionar sua sede.

Também outras três empresas que receberam R$ 4 milhões da campanha eleitoral tinham o mesmo endereço, mas não funcionavam no local.

Para o juiz federal, a prisão se justifica porque Henrique Alves continua exercendo atividades políticas e continua a ocultar quantias ilícitas no exterior – recursos de uma conta na Suíça foram transferidos para os Emirados Árabes e ainda não localizados pelas autoridades. “Henrique Alves ainda exerce influência e persiste atuando na mesma esfera de atividades na qual foram praticados os crimes apurados, local onde também se concentram as atividades políticas, o que torna necessário o cerceamento de sua liberdade com a finalidade de evitar a continuidade das práticas ilícitas”, escreveu o juiz Francisco Farias.

O juiz cita ainda como provas as conversas de celular de Eduardo Cunha e Henrique Alves com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e as delações da Odebrecht e da Carioca Engenharia. Aponta que Henrique Alves intercedeu junto ao Tribunal de Contas da União em favor dos interesses da OAS.

Henrique Alves e Eduardo Cunha também foram alvos de mandados de prisão expedidos pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília Vallisney de Oliveira, por crimes praticados no esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal.

Sobre as acusações, Henrique Alves já negou irregularidades em sua campanha e também nega ter movimentado recursos no exterior. A reportagem ainda não conseguiu contato com sua defesa nesta terça-feira (6).

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