por Julia Affonso | Estadão Conteúdo/Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil
A Operação Sermão dos Peixes, da Polícia Federal, aponta que a farra com recursos públicos do Sistema de Saúde do Maranhão bancou até um avião avaliado em R$ 2,5 milhões. A aeronave foi apreendida. Relatório da PF revela que R$ 2,2 milhões pagos pela aeronave por meio de cheques de empresas ligadas à Organização Social (OS) Instituto Cidadania e Natureza (ICN) e pela Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Bem Viver - Associação Tocantina para o Desenvolvimento da Saúde, que administram os hospitais do Estado. A Federal investiga o desvio total de R$ 36 milhões do Fundo Nacional de Saúde, destinados ao Sistema Único de Saúde do Maranhão. A Sermão dos Peixes apura fraudes durante a administração de Ricardo Murad, cunhado da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), na Secretaria Estadual de Saúde. Segundo a investigação, o ICN e a Bem Viver abasteceram as contas do Centro Oncológico Brasileiro (Cobra) e da empresa Serviços Diagnóstico Médico por Imagem com recursos públicos do Sistema Estadual de Saúde. A Federal afirma que a Cobra, a Serviços Diagnóstico Médico por Imagem e a Bem Viver eram partes de um mesmo conglomerado empresarial, onde as demais empresas foram exaustivamente utilizadas para branquear e dissimular a distribuição de dividendos desviados da OSCIP Bem Viver, em nítido comportamento de branqueamento de capitais. "O grupo empresarial que circundava a OSCIP Bem Viver exercia a função de lavar o dinheiro desviado. Nesse sentido, por diversas vezes as contas das tais empresas serviam apenas como ponto de passagem dos recursos públicos desviados da Bem Viver, para posterior aquisição de bens, financiamentos políticos, gastos pessoais, dentre outras aplicações indevidas às verbas públicas", aponta o relatório da PF. O documento destaca que o avião foi pago em uma primeira parcela de R$ 1,2 milhão em 3 de agosto de 2012. O delegado Wedson Cajé Lopes, que subscreve o relatório da PF, afirma que a aeronave foi comprada da empresa Santa Tereza Agropecuária. A investigação mostra que os cheques foram emitidos sequencialmente o que indica que teriam sido entregues ao vendedor na mesma data em que o negócio foi fechado, restando pré-estabelecido às datas em que deveriam ser depositados. A reportagem ligou para números de telefone em nome de Emílio Borges Rezende, mas ninguém atendeu. O espaço está aberto para manifestação.
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