do BOL, em São Paulo
Em conversas gravadas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, o ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP), confidenciou que a oposição no Congresso não queria apoiar uma transição com Michel Temer na Presidência da República. De acordo com reportagem publicada pela Folha de S.Paulo, Sarney indica na conversa que um apoio a Temer só foi aceito após "certas condições", sem entrar em detalhes.
Ainda na conversa com Machado, que assinou um acordo de delação premiada com a PFGR (Procuradoria-Geral da República), Sarney afirma que a resistência dos opositores só foi vencida após uma intervenção do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Nem Michel eles queriam, eles querem, a oposição. Eles aceitam o parlamentarismo. Nem Michel eles queriam", repete Sarney a Machado. "Depois de uma conversa do Renan muito com eles, eles admitiram, diante de certas condições", prossegue o ex-presidente da República na conversa gravada.
Sarney fez os comentários depois de Machado dizer que "para o PSDB a água bateu aqui também. Eles sabem que são a próxima bola da vez", em referência às investigações da Operação Lava Jato. "Eles sabem que não vão se safar", conclui Sarney.
Sarney e Machado também falaram a respeito da prisão do então senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), aprovada pelo STF (Superior Tribunal Federal), em novembro de 2015, hoje outro delator da Lava Jato. Para Machado, o STF "rasgou a Constituição" ao autorizar a prisão. Sarney concordou e ainda alfinetou o Senado, dizendo que a atuação do Congresso "foi pior", porque o Senado se "acovardou" e "não podia" ter concordado com a prisão de Delcídio decretada pelo STF.
"Não podia, a partir dali ele acabou. Aquilo é uma página negra do Senado", lamentou Sarney, que ainda comentou a respeito da soltura do ex-senador, três meses depois, determinada pelo ministro relator do caso no STF, Teori Zavascki, que mandou Delcídio para a prisão domiciliar. "Agora o Teori acabou de desmoralizar o Senador, porque mostrou que tem mais coragem que o Senado, manda soltar". (Com informações da Folha de S.Paulo)
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