Foto: Vinícius de Salles/G1
Nunca é tarde para ajudar!
Uma professora aposentada, de 77 anos, abriu as portas de sua casa para alfabetizar adultos de graça.
Eunir Alves Moreira de Faria poderia pensar em descansar, mas preferiu ocupar seu tempo oferecendo aprendizado para moradores de Patos de Minas.
A professora criou uma cartilha para ensinar a ler e escrever e colou um cartaz com anúncio das aulas no portão.
“Sinto a necessidade de ver pessoas lendo e escrevendo”, disse ao G1.
“Eu tenho duas mesas e dez cadeiras na varanda e foi esse ambiente que disponibilizei para proporcionar estudo a quem não tem. Colei o papel há pouco mais de uma semana e já consegui preencher todas as vagas. Inclusive, vou dar aula no período noturno para atender também quem trabalha”, disse.
A professora lecionou por 25 anos em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas.
Há 15 anos, ela mora na região do Alto Paranaíba.
Para Eunir, focar no trabalho social é se realizar duas vezes. “Me sinto melhor como pessoa e ao mesmo tempo volto a fazer o que me dá prazer: dar aula. Como moro sozinha também é uma forma de estar sempre acompanhada”, ressaltou.
Um dia após colocar o cartaz no portão, Eunir Alves disse que recebeu a ligação de uma mulher interessada nas aulas.
A futura aluna chorava e afirmou que iria finalmente poder ler e escrever.
"Isso me emocionou e me fez ter a certeza que o dinheiro não tem muito valor quando o assunto é educação. Proporcionar uma vida diferente ao outro, isso sim não tem preço”, comentou a professora.
A cartilha
O método que a professora usa para alfabetizar adultos foi desenvolvido por ela mesma. Tr
ata-se de uma cartilha ilustrada, que segundo Eunir Alves, favorece o aprendizado.
São três volumes e cerca de seis meses para o aluno se desenvolver na leitura e na escrita.
O processo é silábico e garante bons resultados.
Custo
Como a professora está aproveitando o material que já tem, o aluno só arca mesmo com o caderno, a borracha e o lápis. As aulas tiveram início no fim da semana passada.
A aposentada acrescentou que espera incentivar outras professoras a não desistirem de levar o dom que receberam por alguns anos a mais.
“O mal espalha muito fácil, mas o bem nem sempre. É necessário sacrificarmos um pouco para ajudar o outro. Isso é ser humano e eu desejo sim ser um exemplo, já que o Governo não dá a atenção que a educação merece”, concluiu.
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