por Eduardo Homem de Carvalho - Tem coisas que só acontecem na política brasileira. E são surreais. Por exemplo, você já ouviu falar de divórcio antes do casamento? Pois foi o que aconteceu com a fusão entre o Democratas (DEM) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Estava tudo praticamente combinado e o martelo seria batido no último sábado. Mas deu errado.
DEM e PTB não mais vão se fundir. Não conseguiram chegar a um acordo sobre questões que poderiam ser mais negociadas, como a divisão de integrantes do diretório nacional do novo partido. O PTB alega que seria meio a meio. O DEM nega, mas preferia que fosse 60% a 40%.
O resumo da ópera, feito pelo presidente nacional do PTB, o deputado federal Benito Gama (BA), é de fazer rir: “Ficou a experiência. Foi um bom diálogo. Não vai deixar sequelas”. Se assim é, não deixou sequelas, por que não usar o diálogo e a experiência para encontrar uma saída negociada?
Ah! Em tempo: é preciso destacar que o anúncio do divórcio foi feito em um casamento. O do ex-presidente petebista condenado pelo escândalo do mensalão Roberto Jefferson (RJ). Muito apropriado.
Outro casamento que era dado como certo também corre risco de não chegar ao altar. PPS e PSB só têm a ganhar, caso consigam se entender e consumem a união. Formariam, por exemplo, a quarta maior bancada na Câmara dos Deputados, com a soma dos 32 parlamentares socialistas e dos 11 do PPS. Ficariam atrás apenas de PMDB, PT e PSDB.
A convenção de fusão do PSB com o PPS já tem até data marcada: 20 de junho. Portanto, ainda dá tempo de os líderes dos partidos conseguirem se entender. Afinal, têm posturas ideológicas bem próximas e só teriam a ganhar como uma força de mais destaque no Congresso.
E ganhariam também os eleitores, obrigados a conviver com partidos nanicos e legendas de aluguel, criados para negociar benesses com os governos, para não dizer de outras flores ainda mais espinhosas.
Não adianta fingir que não estamos em séria crise fiscal, mas não podemos ficar presos na armadilha. Não estamos usando a inteligência para formular coisas que melhorem a vida do povo sem gastar mais dinheiro no momento. por Eduardo Homem de Carvalho
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