Se algum dia você estiver caminhando por um pedaço da Mata Atlântica, é melhor tomar cuidado por onde pisa se não quiser correr o risco de massacrar uma família inteira de sapinhos minúsculos. Um grupo de cientistas brasileiros descobriu nada menos que sete novas espécies de batráquios em miniatura – menores do que uma unha humana – vivendo no topo de montanhas isoladas da floresta.
Esses cumes montanhosos acabaram servindo como ilhas separadas, o que não apenas contribuiu para que os bichinhos evoluíssem para formar espécies distintas umas das outras, mas os deixou bastante vulnerável a mudanças climáticas. Pelo mesmo motivo, os pequenos animais também são ameaçados pelo desmatamento e criação ilegal de gado nessas regiões.
Os sapinhos descobertos fazem parte do gênero Brachycephalus, que já é conhecido no Brasil desde meados dos anos 1800. Suspeitando que variedades desconhecidas dos bichos minúsculos pudessem ser encontradas nas florestas na região Sul do país, os pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, liderados por Marcio Pie, escalaram as regiões montanhosas de Mata Atlântica nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Casal de Brachycephalus leopardus flagrado em um momento íntimo
Quase um arco-íris
Quando chegaram ao topo das montanhas, eles encontraram uma grande variedade de novas espécies de sapos, incluindo os setes que são descritos no artigo divulgado pelo grupo. Todos os batráquios em miniatura possuem menos de 1 cm de comprimento e têm suas cores como um de seus principais traços distintivos, em tons chamativos que servem de alerta para predadores a respeito das neurotoxinas presentes em suas peles.
Os sapinhos descobertos foram divididos nas seguintes espécies:
Brachycephalus mariaeterezae: predominantemente de um laranja vivo, mas com manchas de tom azul-claro ao longo de sua coluna;
Brachycephalus olivaceus: fazendo jus ao seu nome, essa espécie possui um tome parecido com o de azeitonas marrom-esverdeadas;
Brachycephalus auroguttatus: em latim, “auroguttatus” significa “gota dourada”, o que serve para descrever a tonalidade amarela da cabeça do bicho, que gradualmente muda para marrom em seus membros;
Brachycephalus verrucosus: o nome dessa variedade vem das pelotas de cor verde-amarronzada que estão espalhadas pelo seu corpinho laranja;
Brachycephalus fuscolineatus: também com formato desigual, eles são amarelos e têm faixas verdes e marrons nas costas;
Brachycephalus leopardus: a nomenclatura vem de sua semelhança com o grande felino, causada pela pele amarela com pontos escuros;
Brachycephalus boticario: sem qualquer relação com a loja de cosméticos, esses sapinhos são laranja e possuem laterais inchadas em tons mais escuros.
“Um sucesso tão alto em encontrar novas espécies pode indicar que o número total de Brachycephalus ainda não está determinado”, afirma Pie. Segundo Luiz Ribeiro, do Instituto Mater Natura de Estudos Ambientais, os sapinhos divulgados no estudo “são apenas o começo”, especialmente ao se considerar que a equipe já encontrou espécies adicionais, que ainda estão passando pelo processo de descrição formal. megacurioso.com.br
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