O Brasil tem muito petróleo e a inteligência para governar é inesgotável. É só tirar Graça Foster da presidência da Petrobras
Gabriel Garcia
O Brasil só tem dois patrimônios: Pelé e a Petrobras. Antes do Natal, o Rei do Futebol e a estatal estavam na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Pelé saiu, graças à equipe do Albert Einstein e a um eficiente plano de gestão de crise, que exagerou na dose, chegando a mostrar o craque tocando violão no hospital.
A Petrobras vai virar o ano em coma induzido. Há 90 dias sangra em praça pública: perda, pela metade, de valor de mercado e de credibilidade, falta de expectativa de reação e presença excessiva nas páginas policiais – sem falar nos problemas financeiros, na queda do preço do produto que vende, na imagem internacional em frangalhos; no futuro para lá de incerto. Tudo é ruína no prédio da Avenida República do Chile, nº 65, no Rio de Janeiro.
O governo, seu maior acionista, também está doente desde a vitória eleitoral que infelicitou o PT há dois meses. Tem um ministério para montar, e não consegue; comprou uma crise econômica e precisa resolvê-la, mas não sebe por onde começar; está cercado pela roubalheira na Petrobras e não tem a mais vaga ideia de como enfrentá-la.
Um organismo assim, consumido pela inanição, de fato, não pode ousar. É compreensível que vague pela Praça dos Três Poderes, desde o discurso da vitória, a busca por um manual de instrução. Espera o calendário virar, a entrada do novo ano, um evento que costuma acudir quem faz promessas.
Mas até para um santo é difícil tal milagre. Talvez o melhor fosse concentrar-se num único ponto, e nele jogar as energias. Até porque, convenhamos, é missão para Hércules escalar um time de 40 pessoas, das quais uma parte deve satisfação à Justiça, e escapar dos respingos de um processo que arrola dezenas de políticos, lotes de empresários, duas diretorias, pilhas de negócios. Enfim, um meticuloso plano para desmontar um gigante de investimentos, pesquisas e alta tecnologia.
Mas não é impossível limpar os Estábulos de Augias. Resolver crises é hoje um dos campos do saber mais desenvolvidos do mundo. De Nova York a Dubai é possível, sim, contratar primeiro uma consultoria capaz de traçar um diagnóstico da situação. Em seguida estruturar uma nova diretoria profissional que infunda confiança. E finalmente refundar o empreendimento do petróleo que o Brasil havia aprendido a explorar até a chegada do PT com suas refinarias de propina.
Na década de 70, Nova York, a sede do poder financeiro do planeta, quebrou, e deu-se um jeito; em 2008 foi a vez dos próprios Estados Unidos afundarem, arrastando o mundo, e menos da metade de uma década depois já estão de pé. Com a vantagem de que a Petrobras não faliu, o Brasil ainda tem muito petróleo e a inteligência para governar é um bem inesgotável.
É só tirar Graça Foster da presidência da Petrobras e seus yellow caps. Na prática, ela já se foi, só falta desencarnar. Apenas a presidente Dilma Rousseff ainda crê nesse fantasma. O combustível de tanta insensatez é a catatonia presidencial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário