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domingo, 29 de junho de 2014

Uma pequena grande copa

FELIPE GERMANO
AULA DE BOLA
O garoto Renan Messias na quadra de Ermelino Matarazzo, em São Paulo. O futebol o levou à Holanda (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA)

O Brasil ainda não ganhou a Copa. Mas tudo bem, esse nunca foi o real objetivo da disputa. O importante no campeonato é descobrir novas culturas e experiências. Pelo menos é o que pensam as crianças que representaram o Brasil na Copa Cruyff Court, um mundial para jovens com até 13 anos, vindos da periferia de seis países, entre eles Dinamarca, Espanha e Malásia. Depois de versões nacionais e até continentais, pela primeira vez a competição envolveu vários países do mundo, em Amsterdã, na Holanda.

Jogar longe de casa é ótimo para os pequenos atletas. Renan Messias tem 12 anos, vive na periferia de São Paulo e é um dos 15 jovens que representaram o Brasil. Apesar de morar há menos de 20 quilômetros do aeroporto internacional de Guarulhos, nunca andara de avião. A história mudou no último dia 5 de junho, quando passou direto para a área de embarque internacional. “Foi a primeira vez que entrei no aeroporto”, diz Renan. Na Holanda, além de participar do torneio, Renan visitou o famoso centro de ciências de Amsterdã, o Nemo, e foi a uma partida de futebol. “Uma das coisas mais legais foi o museu. Tinha vários brinquedos, um deles dava choque quando mais de uma pessoa colocava a mão. Foi muito divertido.” Participar do projeto não se limita ao futebol em si. Renan aprendeu a se expressar um pouco mais em seu dia a dia. “Antes era muito difícil, ele não falava com ninguém. Para fazer trabalho na escola, era complicado, porque é tímido. Hoje, ele é mais solto, mais interessado”, afirma Adriana Ferreira, mãe de Renan.

O projeto Cruyff Court é uma iniciativa internacional que constrói campos de futebol society para melhorar a situação social em áreas espalhadas pelo mundo. Atualmente há 185 campinhos em 17 países. A ação faz parte da Cruyff Foundation, organizada pelo ex-jogador holandês Johan Cruyff, para ajudar jovens a ter um melhor estado emocional, físico e intelectual por meio do esporte.


Em 2010, o projeto chegou ao Brasil e se fixou na periferia paulistana do bairro Ermelino Matarazzo. O responsável pela vinda do programa foi o Instituto Plataforma Brasil. Atualmente, 300 crianças brasileiras são atendidas pelo projeto, sem contar a população local, que pode usar a quadra à vontade. Os alunos recebem uniformes e alimentação, mas para isso devem seguir algumas regras, como respeitar os professores e colegas, além de ter uma presença assídua. Por mais simples que pareça, a ação tem resultados. “Conseguimos ver uma mudança no comportamento”, afirma a holandesa
Joelke Offringa, presidente do Plataforma Brasil. “O desafio é dar uma aula de futebol com noções de cidadania”, diz Renato dos Santos, coordenador do projeto.

A versão brasileira se destaca por ser a única do mundo com uma programação educacional para os jovens, com aulas que vão de segunda-feira a sexta-feira, das 8 da manhã às 5 da tarde. “A gente faz isso no Brasil porque acha que não faz sentido ter só o futebol. É preciso ter um programa educativo junto”, afirma Joelke.

A viagem para a Holanda representa o primeiro passo da expansão da Cruyff Court no Brasil. Mais um grupo de jovens participantes do projeto irá para a Holanda em outubro. Fazendo parte de outro projeto, o Cruyff Comunity Group, 15 jovens passarão dez dias na Holanda, a fim de finalizar o ciclo iniciado em abril, quando holandeses ficaram na comunidade de Ermelino, em São Paulo. Um segundo gramado está em construção no Brasil, em Salvador, com previsão de entrega ainda neste ano. O sucesso do projeto se deve a usar repetidamente a mesma arma: uma bola. “Não tem coisa mais popular que o futebol. Se você usa isso para o bem, para mudar a vida dos jovens, você tem algo muito poderoso”, diz Joelke. http://epoca.globo.com/

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