O ministério da Economia da Argentina anunciou na quarta-feira (18) que não poderá pagar a próxima parcela da sua dívida reestruturada, prevista para 30 de junho. Com isso, na prática, o país dará um novo calote em parte de seus credores (investidores que compraram papéis da dívida do país).
O novo imbróglio argentino remonta ao início desde século. Em 2001, em meio a uma grave crise econômica e política, a Argentina anunciou um calote em sua dívida pública, que era de cerca de US$ 100 bilhões.
Quatro anos depois, no governo Nestor Kirchner, o país tentou recuperar a credibilidade oferecendo a quem tinha sido prejudicado pelo calote pagamentos com descontos acima de 70%. Mais de 90% dos credores aceitaram a proposta e vêm recebendo esses pagamentos em parcelas (a dívida reestruturada). Os que não aceitaram, no entanto, recorreram a tribunais internacionais.
Em 2012, um dos casos, movido por fundos especulativos, recebeu uma decisão favorável da Justiça dos Estados Unidos, que determinou que a Argentina deveria pagar US$ 1,33 bilhão aos fundos. O governo argentino recorreu, e o caso chegou à Suprema Corte dos EUA, que decidiu manter a condenação, derrubando uma medida cautelar que suspendia os efeitos da determinação judicial anterior.
"A suspensão do 'stay' (medida cautelar) por parte da justiça impossibilita o pagamento em Nova York da próxima parcela da dívida reestruturada [as parcelas pagas aos credores que aceitaram o desconto] e revela a ausência de vontade de negociação em condições distintas às obtidas na sentença ditada pelo juiz Griesa", disse o ministério da Economia argentino.
A nota lamentou a decisão que ordena a execução da sentença do juiz Thomas Griesa, que deliberou a favor dos fundos especulativos, conhecidos como "Abutres", na Argentina.
O comunicado reafirma "a disposição da Argentina de pagar os credores da dívida reestruturada, aos quais sempre tem oferecido as mesmas condições, de acordo com a lei do país".
Na audiência de quarta-feira, advogados da Argentina comunicaram à Corte que uma delegação viajará a Nova York na próxima semana para tentar negociar com os fundos. "Estamos preparados para sentar (em negociação) com eles", afirmou Robert Cohen, que representa a NML.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, disse na segunda-feira que seu país não voltará a declarar moratória, mas ressaltou, contudo, que a Argentina "não será submetida à biextorsão". Fonte: Com informações do G1
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