O caso de um senhor de 84 anos que recorreu a uma “autocirurgia” após esperar meses na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) foi citado em pronunciamento no Senado pela senadora Ana Amélia (PP-RS) como exemplo emblemático do descaso do setor público em relação aos aposentados e pensionistas no país.
O aposentado citado pela Senadora é Orlando Vaz, morador do município de Cascavel (PR), que em 2008 havia passado por um procedimento para retirar uma hérnia. Alguns meses depois, o aposentado voltou a sentir dores. Sem previsão de quando conseguiria vaga pelo SUS, o paciente tomou a decisão arriscada e decidiu, em fevereiro, retirar a hérnia por conta própria. Fonte: Informativo da Senadora Ana Amélia.
O desespero do aposentado ao praticar a "autocirurgia" revela muito bem a situação do país, que vende ao exterior uma falsa imagem de nação sadia que pode realizar despesas desnecessárias com a Copa do Mundo, enquanto o cidadão desassistido não tem direito digno de ter tratamento de saúde. Mas o Lula e a Dilma Rousseff podem à custa dos contribuintes se socorrer do Hospital Sírio-Libanês. Uma vergonha!
A situação de "autocirurgia" envergonha a gente, que é assaltada com alta carga tributária e não vê retorno em serviços públicos de qualidade. Só não envergonha o governo cujo partido, há mais de 10 anos no poder, não teve competência de combater as necessidades mais primárias da sociedade, e ainda assim pretende se reeleger não sei para quê! Aliás, a única preocupação dos governantes e políticos, com raríssimas exceções, desde o primeiro dia de mandato, é com suas reeleições, como se eles fossem pessoas indispensáveis ou insubstituíveis.
É impossível não se revoltar ao saber que um aposentado de 84 anos, que contribuiu por toda uma vida com a previdência social, não tenha acesso digno ao serviço público de saúde e tenha que chegar ao sacrifício, da quase imolação, de praticar a “autocirurgia”. E ainda há cidadãos, eleitores nacionais, que têm a pachorra de defender o governo federal, que finge se preocupar com o social. Deviam envergonhar-se quando o ex-presidente Lula, do alto de suas sandices, regurgitou que a saúde pública brasileira beirava a excelência.
Não se trata de extremismo diante da real situação do país, que prefere investir na realização da Copa do Mundo enquanto a saúde pública é uma grande vergonha, e as escolas públicas das regiões brasileiras são outra vergonha. Agora mesmo no programa Fantástico da Rede Globo foi mostrado o quadro deplorável do ambiente escolar em Petrolina (PE), Jaboatão dos Guararapes (PE), Joaquim Gomes (AL), Lagoa Grande (PE), Codó (MA) etc., onde em pleno século 21 a educação ainda é tratada de forma política e não como o principal investimento da nação.
Ora, como se pretende erradicar o analfabetismo e os analfabetos funcionais se o país vira as costas para a infraestrutura educacional? As imagens mostradas do sucateamento do ensino no Brasil são chocantes - talvez não choque aqueles teimosos defensores do governo federal -, onde crianças e professores se deslocam em "paus de arara", frequentam escolas em locais insalubres, com esgoto a céu aberto correndo ao lado, e salas de aula degradantes que mais parecem estrebarias, com cadeiras e mesas quebradas, tetos com infiltrações e pasmem, senhores, há escola cujo banheiro é o matagal.
Por isso, não adianta o governo federal dizer que o número de adolescente de 15 a 17 anos no ensino médio subiu 35% em uma década e hoje chega a 54%, se a base da pirâmide educacional, a partir das escolas rurais, continua ruim. E mais: para contrariar os avanços educacionais do governo, a média brasileira no PISA (prova internacional que avalia os estudantes do ensino médio) subiu apenas 9,2% entre 2000 e 2012, e o país ocupa a 57ª posição entre 65 nações.
E se não bastasse, é inacreditável que haja “brasileiros” que preferem ver corruptos fora da cadeia, contribuindo com vaquinha para pagar suas multas, a se solidarizarem com campanhas para arrecadação de fundos destinados à construção de escolas, hospitais, casas populares, albergues para pessoas idosas etc.
Dou ênfase na crítica à gestão do PT porque esse é o partido que está há mais de 10 no poder e até agora não mostrou competência para responder satisfatoriamente à infraestrutura elementar, por exemplo, da educação e saúde.
Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
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