Por Humberto Pinho da Silva
Dizia Ribeiro Sanches, em 1760, em “ Cartas Sobre a Educação da Mocidade”, que: (…)”Ama a sua pátria aquele que, podendo comprar um vestido de pano da Inglaterra, o manda fazer da Covilhã.”
E o que fazem, agora, os que dizem amar a Pátria?
Passam férias no exterior, muitos, esbanjando o que não possuem. Compram utensílios confeccionados lá fora, pensando que longe da sua terra, se fabrica melhor.
Conheço Presidente de Junta de Freguesia, homem simples e honrado, que sempre adquire o que necessita no mercado local. Diz ser obrigação sua, ajudar, em primeiro lugar, os que se encontram mais próximos.
É de louvar o amor à pátria; mas a pátria será a terra, o território, ou os que nela vivem?
Engrandecer a pátria com monumentos, obras faraónicas, rasgar estradas, que galgam distâncias, é de aplaudir; mas quem ama sua terra, deve, primeiro preocupar-se com o bem-estar dos que nela nasceram e nela trabalham.
O engrandecimento, da terra, visto como progresso, não passa, quantas vezes, de pura vaidade, desejo de ser grande, de ser importante.
Que importa a nação ser rica, se quem nela nasceu e vive, é pobre?
Cuide-se, primeiro, das “ paredes” humanas, depois das outras.
Quando o Papa mostrou as obras do Vaticano, ao Beato Frei Bartolomeu dos Mártires, perguntou-lhe porque não levantava, paço, assim, em Braga; este respondeu-lhe: o dinheiro da diocese não era dele, mas dos pobres e dos que carecem de ajuda.
Dizem que Brasília não nasceu de uma necessidade, nem no intuito de desbravar mato; mas por ambição, de quem nascendo pobre, desejava ligar o nome a obra grandiosa.
Muito que se construiu em Portugal, foi para regalo de alguns e prazer de quem as idealizou.
Nessas vaidades, nesses desejos de imortalidade, gasta-se o que falta para o bem-estar e saúde do povo.
Os cortes nas pensões - que na generalidade são baixíssimas, - deixaram os idosos alarmados, receando que os últimos anos de vida sejam ainda mais penosos.
Quebrou-se a confiança. Instalou-se o medo. Aumentaram as preocupações, e desespero dos que esperavam ter um fim de vida tranquilo.
Outrora, o lugar dos avós era no seio da família; que geraram. Depois - por comodismo ou ausência de condições, - passou a serem os lares. Agora, com a redução das reformas, como não chegam para pagar estadia, em casas de repouso, será a eutanásia?
Dizem que é para garantirem o futuro dos filhos e netos; e o presente dos pais e dos avós, quem o garante?
Que sociedade pretende-se criar? Sociedade amoral, exploradora dos mais débeis, dos que já não podem produzir e são, agora, descartáveis.
Penso em Portugal, mas aplica-se ao Brasil, e a quase todos os países, pelo menos, os do mundo ocidental.
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