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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sinto muito, mas este não é um país sério

POR RICARDO NOBLAT
Se tratássemos a política com seriedade não haveria espaço para que partidos empenhados em eleger o mesmo candidato a presidente da República pudessem ser adversários na hora de eleger governadores, deputados federais e estaduais.
O presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), informou à direção nacional do PT que seu partido apoiará Eduardo Campos contra Dilma em Pernambuco e no Piauí. E que em nove estados o PMDB será adversário do PT nas eleições para os governos estaduais.

Dos nove, três fazem parte da lista dos maiores colégios eleitores do país – São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. O provável candidato do PMDB ao governo baiano é Geddel Vieira Lima, atual diretor da Caixa Econômica Federal, nomeado por Dilma.

Tudo muito coerente – não lhe parece?
A história das eleições entre nós é a história das mudanças nas regras eleitores. Rara a vez que houve eleição sem que antes se mudasse as regras – ou alguma regra. Beneficia-se o partido ou coligação de partidos com mais força na ocasião.
Jamais esteve entre os costumes nacionais, por exemplo, a reeleição de presidente, governador e prefeito. Em época alguma da História. E se desconhece qualquer corrente de opinião que tenha batalhado pela reeleição.
Uma vez no poder, o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) quis ficar mais quatro anos. Como os partidos que o sustentavam tinham maioria no Congresso, sua vontade foi feita.
O que está na raiz das alianças partidárias nada tem a ver com ideologia, princípios, valores, o bem estar da população – nada. Monta-se alianças pensando acima de tudo no tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão.
Partidos com gordas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado dispõem de tempo de propaganda maior. São os mais ambicionados parceiros.
Mas deu-se também um jeito na lei para que eles possam negociar seu tempo de propaganda na eleição presidencial sem comprometer seu tempo de propaganda na eleição estadual.
Assim, parlamentares de diversos partidos confraternizam no palanque presidencial, fazem juras de amor eterno, prometem o impossível ao distinto público. Para no dia seguinte se exibirem em palanques diferentes, com candidatos diferentes aos governos, dizendo o diabo dos aliados da véspera.

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