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quarta-feira, 22 de maio de 2013

UM BOATO TERRORISTA

Poderia ter sido só um boato, infeliz e condenável. A notícia falsa sobre um suposto fim do Bolsa Família teria desaparecido da mesma maneira como surgiu. Mas a propensão petista a transformar tudo em munição eleitoral deu dinâmica própria ao lamentável episódio ocorrido neste fim de semana.

A boataria sobre a extinção do programa desencadeou correria a agências bancárias a partir da tarde de sábado. Segundo a Caixa Econômica Federal, foram feitos 920 mil saques no fim de semana, perfazendo R$ 152 milhões. A intranquilidade se espalhou por 13 estados, principalmente do Nordeste.

O governo começou a agir no domingo. A Polícia Federal foi acionada para investigar de onde pode ter partido a mentira. Vai procurar agulha em palheiro, mas pelo menos está fazendo o que dela se espera.

Também no domingo, Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social, dera entrevista no tom certo: “Nós não acreditamos que esta atitude possa vir da oposição, até porque prejudicou bastante muita gente. Duvido que alguém possa ter alguma coisa a ganhar com isso”.

Mas a comichão politiqueira petista não tardou a aflorar. Na manhã de ontem, Maria do Rosário, ministra de Direitos Humanos, usou sua conta no Twitter para acusar, da forma mais leviana possível, a oposição: “Boatos sobre fim do bolsa família deve (sic) ser da central de notícias da oposição. Revela posição ou desejo de quem nunca valorizou a política”.

Mais tarde, ela voltou atrás e escreveu que havia emitido apenas uma “singela opinião”. Não escapará, porém, de ser chamada para explicar suas acusações: a bancada tucana na Câmara já tem pronto requerimento para convocá-la ao Congresso.

Além de leviandade por parte da ministra, há também má informação. A oposição não apenas preza a política de transferência de renda, como foi quem, efetivamente, deu início a programas que depois foram enfeixados no Bolsa Família pelo PT.

Vale lembrar que, quando Lula assumiu o poder, o país já tinha 6,5 milhões de famílias sendo atendidas por iniciativas como o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação, sem falar nos 6,5 milhões de aposentados rurais e nos 1,5 milhão de assistidos pelo Benefício de Prestação Continuada.

Mas, voltemos. Depois de Rosário, foi a vez de Dilma Rousseff também politizar o assunto. Em discurso em Ipojuca, em Pernambuco, disse que a boataria fora “algo absurdamente desumano” e classificou seu autor de “criminoso”. Até aí, a reação da presidente estava dentro da normalidade, ainda que num tom de exaltação alguns decibéis acima do natural.

Mas nem coisa tão séria Dilma consegue deixar de tratar eleitoralmente. Logo em seguida, em meio a críticas aos “pessimistas”, emendou: “Colocamos a Polícia Federal para descobrir quem tinha por objetivo dar intranquilidade aos milhões de brasileiros que nos últimos 10 anos estão saindo da pobreza extrema”.

Ou seja, em meio ao drama de milhares de famílias que se aterrorizaram com o suposto fim de um benefício social, Dilma deu um jeito de encaixar a propaganda de uma ação de governo que, julga ela, é mérito exclusivo do PT em seus dez anos de governo. Arrumou uma forma de fazer proselitismo eleitoral.

Aí está o ponto: por que, mesmo diante de um episódio deplorável como este, o governo Dilma não age com serenidade? Por que, ao contrário do desejável, transforma assuntos sérios em pólvora de embate político? Por que não atua para efetivamente amenizar as dificuldades das famílias necessitadas ao invés de mantê-las eternamente como massa de manobra?

Disso tudo, o que transparece é que, ao PT, interessa mesmo é manter a pobreza, a fim de que os miseráveis continuem a ser manipulados, usados como matéria-prima de programa eleitoral e como bandeira política. A necessária e desejável emancipação de milhões de brasileiros não parece ser o verdadeiro objetivo dos petistas. FONTE: INSTITUTO TEOTÔNIO VILELLA

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