Eles não vivem sem o celular. Após as aulas de um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), O Imparcial encontrou um grupo de amigos reunido para a última conversa da manhã. Mas, além dos colegas em volta da mesa da lanchonete, a atenção de cada um dos adolescentes se voltava igualmente para os aparelhos de telefone.
Aos 17 anos, a estudante Júlia Gabriela admitiu que dificilmente deixa de lado o celular, pelo qual troca mensagens e participa de bate-papos com outras pessoas conectadas nas redes sociais. Às vezes, de tão entretida na conversa virtual, ela acaba perdendo o foco do que as pessoas em volta estão falando. Júlia Gabriela informou à reportagem que diariamente acessa o celular logo que acorda, para verificar se chegaram mensagens ou ligação não atendida. A mania teve início há alguns anos, e hoje se repete em todos os períodos do dia, inclusive no horário das aulas e das refeições. Por conta disso, as reclamações dos pais e professores são constantes.
“Já cheguei a pensar que estava extrapolando [o tempo dedicado ao celular], mas não dá pra deixar [o costume]”, revelou a estudante, recordando que a avó chegou a proibir o uso do aparelho por uma semana, na tentativa de que a neta se concentrasse nos estudos. Foi o período mais longo que Júlia Gabriela disse ter permanecido sem o entretenimento favorito, sem o qual ela não consegue se imaginar. Quando ela sente muita vontade de estudar, é necessário esconder o aparelho para não ser tentada a manusea-lo.
A amiga Rafaela Lages, também de 17 anos, surpreendeu-se com o “castigo” imposto pela avó de Júlia Gabriela, e informou que o tempo máximo que chegou a passar sem o celular foram duas horas, em razão de o aparelho ter descarregado. De acordo com ela, o celular já foi confiscado várias vezes pelos professores, diante da compulsão que desviava a atenção da estudante.
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