A ex-senadora Marina Silva disse nesta sexta-feira, em Florianópolis, que a presidente Dilma Rousseff não precisa dos 35 segundos que o Rede Sustentabilidade, partido a ser criado por ela, terá de tempo de televisão. Ela fez referência ao projeto de lei que tenta barrar a criação de partidos, proposta já aprovada na Câmara Federal, mas suspensa por uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.
"A maioria das pessoas sabe que é uma lei de encomenda para evitar a criação do Rede Sustentabilidade, e também prejudicar o partido Solidariedade, mas sobretudo direcionados a nós. Para que? Para nos tirar os 35 segundos de televisão que teríamos, reduzindo isso para 11 segundos. A presidente Dilma não precisa disso. Ela tem 13 minutos de televisão mais uma estrutura partidária, de governo, de aliados e neocompanheiros, como é o caso do ex-prefeito e ex-governador Maluf, do Collor, do presidente Sarney, do Amazonino. Não precisa disso."
Marina Silva, que esteve na capital catarinense para promover a coleta de assinatura de eleitores para a criação do partido Rede, afirmou que está tratando com senadores a não aprovação do projeto.
"Se, por ventura, cair a liminar, que o Senado possa corrigir o terrível erro cometido pela Câmara dos Deputados. Se não acontecer, haverá de recorrer novamente ao Supremo."
Na coletiva à imprensa, participaram representantes do PPS e o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC), que assinou a ficha para a criação do Rede e falou a ex-senadora que, na ditadura, o MDB também enfrentou dificuldades para a sua criação.
A ex-senadora participou de uma caminha pelo Mercado Público e pela Rua Felipe Schmidt, no centro de Florianópolis, onde conversou com a população. Ela também não poupou a presidente Dilma Rousseff ao ser questionada por um jornalista sobre a liberação do uso do carvão. Para ela, o meio ambiente só teve derrotas neste governo.
"Eu diria que esse governo está patrocinando um dos maiores retrocessos que se já se viu na política ambiental do Brasil. Em todos os governos, uns mais outros menos, a gente conseguia conquistas. É o primeiro governo que a gente só consegue derrotas. Começou a retirada das competências do Ibama para fiscalizar os desmatamentos, veio o Código Florestal anistiando desmatadores. Temos no Congresso um caminhão de maldades. Fiquei sabendo que as vaias no Mato Grosso do Sul, sobre a demarcação das terras indígenas, está levando o governo a avaliar a mudar a direção a Funai."
Para a ex-candidata a presidente, 2014 não será a repetição de 2010 na disputa presidencial porque há um aborrecimento da sociedade na polarização entre PT e PSDB, assim como uma aversão ao desejo de antecipação das eleições.
"Nós não vamos participar dessa antecipação. Quando chegar o tempo certo, vamos tomar essa decisão. Há uma possibilidade, sim, de termos uma candidatura, mas não queremos antecipar. Em 2014 será um cenário singular, não será uma repetição de 2010. Há uma sensibilidade muito grande para os novos temas, as novas bandeiras e de se relacionar com a sociedade."
Marina ficou irritada ao ser questionada o que mudaria na política econômica se fosse ministra da Fazenda. Disse que não falava por hipóteses. Mas disse que é um erro a presidente da República tomar decisões pensando em 2014.
"Medidas estão sendo tomadas para ter bons resultados em 2014. O Brasil não precisa disso. Precisa de uma agenda estável. Manter as políticas macroeconômicas que levam à estabilidade como, por exemplo, o câmbio flutuante, o controle da inflação, o superávit primário. Isso é fundamental. Por outro lado, as medidas que são tomadas de incentivo ao consumo não estão dando a reposta que deram em 2008."
À noite, Marina Silva faria uma palestra Democracia e Sustentabilidade na Universidade Federal de Santa Catarina.
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