As economias dos 17 países da zona do euro encolheram nos três primeiros meses do ano, mantendo o bloco comercial em recessão pelo mais longo período desde que a moeda única foi adotada.
Trata-se de um novo indicador profundamente desfavorável, depois de o desemprego da região ter atingido sua mais alta marca.
Em nível nacional, a França voltou à recessão, a produção italiana continua a se contrair e até mesmo a Alemanha, a mais forte e maior economia da zona do euro, só conseguiu um retorno medíocre ao crescimento, de acordo com dados oficiais divulgados ontem.
As tendências divergentes entre Alemanha e França, as duas maiores economias da zona do euro, destacam as diferenças fundamentais que continuam a existir no interior do bloco monetário, e também mostram que mesmo os países mais fortes enfrentam desafios.
O Produto Interno Bruto (PIB) agregado dos países da zona do euro caiu em 0,2% no primeiro trimestre, ante o último trimestre de 2012, informou a Eurostat, a agência estatística da União Europeia. A contração foi ligeiramente pior que a prevista.
O sexto trimestre consecutivo de declínio representa o mais longo período de queda já registrado na zona do euro, superando a recessão causada pela quebra do banco Lehman Brothers em 2008 e 2009, ainda que a queda acumulada no atual período seja inferior à registrada na recessão passada.
"Todas as esperanças continuam depositadas em uma recuperação da demanda externa", disse Peter Vanden Houte, economista do banco ING. "Mas com o aperto fiscal nos Estados Unidos e a recuperação na China ainda em dúvida, o estímulo que as exportações líquidas propiciarão não será grande."
O Banco Central Europeu (BCE) cortou as taxas de juros em sua mais recente reunião, este mês, e se declarou pronto a continuar agindo caso a situação assim exija.
Embora a recuperação anêmica da Alemanha se deva em parte ao clima extremamente desfavorável do período, o crescimento inferior ao esperado desafia as suposições de que a economia alemã já estivesse a caminho de uma melhora sustentada.
"A lista de pontos negativos para a zona do euro é longa", disse Nick Kounis, economista do banco ABN Amro. "Consolidação fiscal, desemprego em alta, condições severas para empréstimos bancários, a alta do euro diante do iene e a demanda mundial chocha pesam negativamente sobre a economia."
Tradução de PAULO MIGLIACCI / MICHAEL SHEEN DO "FINANCIAL TIMES", EM FRANKFURT
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