O projeto de lei proposto pelo secretário de Promoção Social e Combate à Pobreza, Mauricio Trindade, que proíbe o consumo de cachaça nas ruas e avenidas da capital tem gerado polêmicas entre a população. A ideia, motivada pelo alto teor alcoólico do aguardente de cana, está para ser apreciada pelo prefeito ACM Neto. Nas ruas, a reportagem da Tribuna ouviu muitas críticas à medida.
De acordo com o secretario Mauricio Trindade, a ideia da proibição surgiu após a realização de visitas e pesquisas juntamente com as associações de moradores e assistentes sociais em diversos bairros da capital cujas queixas dos moradores têm sido recorrentes no que se refere à grande concentração de grupos de pessoas – entre eles moradores de rua – em locais públicos para beber cachaça ou bombinha, como é conhecida popularmente a bebida, tirando a tranquilidade das pessoas que residem nas imediações dessas áreas.
Ainda segundo o secretario, o teor alcoólico da aguardente é considerado alto e prejudicial, chegando a ser sete vezes maior que das outras bebidas. Ainda segundo ele, o uso da bebida em locais públicos a qualquer hora do dia tem trazido prejuízos não apenas para a comunidade, mas principalmente para os bebedores que acabam perdendo emprego, gerando desavenças familiares além de ser uma porta de entrada para outras drogas como o crack .
“Esse projeto vai oferecer mecanismos legais para combater o problema. Atualmente, cerca de 46% dos crimes são ocasionados por atropelos e, deste montante, cerca de 70% dos motoristas estão alcoolizados. O documento já está de posse do prefeito ACM Neto, que, após analise jurídica e política, deve aprovar a medida. A Guarda Municipal deve atuar na cobertura da lei apreendendo a bebida, e a população pode contribuir denunciado “, justificou.
Nas ruas, a população opinou sobre a medida. Para a técnica de enfermagem Candice Tenório, a medida não vai funcionar sem um apoio social e educacional que acolha essas pessoas em situação de rua ou alcoolismo. “Sem educação não podemos evoluir. A proibição não é a melhor forma de lidar com um problema tão sério quanto o alcoolismo. Acredito que a proibição fere o direito de ir e vir das pessoas. É preciso oferecer uma boa educação e oportunidades e não apenas banir ou proibir”, opinou.
Já a professora aposentada Maria Angélica é a favor da aprovação do projeto. “A marginalidade está tomando grandes proporções em Salvador. Acredito que só dessa forma a criminalidade deve diminuir”, justificou.
Aos 62 anos de idade, o carpinteiro Valeriano Teixeira Sales conta que metade da sua vida foi lutando contra o álcool e critica a forma como o problema está sendo abordado pela medida. “Desde a adolescência convivo com o álcool. Meus pais eram alcoólatras, acabei seguindo a mesma sina. A bebida me tirou a família, o trabalho e o respeito dos meus filhos. Eu penso em deixar a bebida, mas não consigo sozinho. Acredito que o correto de nos ajudar é dando oportunidade e não proibindo”.
O ambulante Joseilton Santos também critica o projeto. “Acho inviável proibir se o problema da bebida é ocasionado na maioria das vezes pela falta de perspectiva de vida. Tem que dar emprego a essas pessoas”, disse.
De acordo com Mauricio Trindade, as abordagens aos moradores de rua serão feitas por uma equipe multidisciplinar que, além de oferecer apoio psicológico, convença essas pessoas a irem para os abrigos da Prefeitura.
O secretário disse ainda que o consumo de cachaça tem aumentado, envolvendo pessoas de vários segmentos da sociedade, incluindo menores de idade. “Os menores são nossa maior preocupação, pois eles sabem que nas vias públicas ninguém irá fiscalizá-los quando bebem cachaça. O objetivo da nova lei é obtermos amparo legal para cortar o acesso de todos a esse tipo de bebida”, concluiu. http://www.tribunadabahia.com.br
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