Durante 408 horas, a escuridão e o medo foram companheiros da costureira Reshma Begum, de 19 anos. Sob os escombros do complexo de fábricas de confecções Rana Plaza, em Savar — subdistrito a 29km de Daca –, ela apelou a Deus por ajuda. "Escutei o barulho dos equipamentos de resgate e confiava que Alá me salvaria da devastação", contou ela à imprensa local, de um leito na unidade de terapia intensiva do Hospital Militar Combinado (CMH, pela sigla em inglês). A salvação veio na tarde de ontem (hora local), após o som fraco da voz de Reshma atravessar as toneladas de concreto e chegar aos ouvidos do socorrista Muhammad Ferdaus Hasan. Com a ajuda de um graveto e de uma barra de ferro, a jovem orientou os profissionais envolvidos no resgate, facilitando sua localização. De acordo com os médicos, Reshma praticamente está ilesa e já é capaz de caminhar.
Dezessete dias depois, a escuridão deu lugar à claridade e uma nova chance à vida. "Foi muito ruim para mim. Nunca sonhei que veria a luz do sol novamente", comentou Reshma, que trabalhava no terceiro andar do prédio de 11 andares. A certeza de que a morte se aproximava ficou mais forte quando três colegas, também soterrados, começaram a se calar, um a um. Até o fechamento desta edição, 1.042 corpos haviam sido retirados – 130 somente anteontem. Pelo menos mil pessoas ainda estariam desaparecidas. Outras mil sofreram graves ferimentos, incluindo amputações no próprio local do pior desastre industrial da história de Bangladesh, ocorrido em 24 de abril. Estado de Minas / Foto: AFP Photo
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