O Brasil teve em 2012 o maior número de greves dos últimos 16 anos, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Foram 873 ocorrências, número que não era alcançado desde 1996, quando a pesquisa identificou 1.228 greves. Em relação a 2011, o aumento foi de 58%.
O Dieese contou 87 mil horas paradas no ano passado, maior nível desde 1990, ano em que os trabalhadores acumularam 117 mil horas de greve.
As principais reivindicações foram reajuste de salário e introdução, manutenção ou melhoria do auxílio alimentação (veja tabela ao lado).
Os dados incluem as paralisações, que os pesquisadores chamam de “greves de advertência”, aquelas que são iniciadas já com data para terminar e normalmente duram um dia.
Ao contrário do que se poderia pensar, o aumento do número de greves, neste momento, não está relacionado à piora do mercado de trabalho, mas justamente ao oposto disso. Com o desemprego em baixa, os assalariados se sentem mais seguros para se manifestar. Do outro lado, os empregadores têm mais dificuldade de substituir seus funcionários.
Essa tese fica evidente quando se olha para os resultados alcançados e para as reações das empresas. No balanço do Dieese, nota-se que a maior parte das reivindicações (75%) foi atendida pelo menos parcialmente, ao mesmo tempo em que medidas patronais como desconto de salário ou ameaça de demissão foram mínimas (8% do total).
Em outras palavras, o poder de barganha dos assalariados aumentou, fato que é reforçado também por uma outra pesquisa do Dieese, segundo a qual 95% das negociações coletivas de salários no ano passado terminaram com reajuste acima da inflação. Em 2003, apenas 19% delas tiveram esse resultado.
“Gente que antes não fazia greve porque tinha sensação de insegurança com o emprego, agora está fazendo. Se os salários atrasam, os trabalhadores param mesmo”, disse Rodrigo Linhares, do Dieese. Fonte: Com informações do Uol * Por: Francy Teixeira
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