A Justiça de São José do Rio Preto (438 km de São Paulo) condenou uma mulher a um ano e dez meses de prisão por ter dado um golpe de R$ 40,7 mil contra outra mulher, com quem estabeleceu uma relação amorosa na rede social se fazendo passar por um homem. A pena foi convertida em prestação de serviço a uma entidade social. Tudo começou em 2009, quando Aurea Rita de Cássia Ferreira Ferrarezi, a ré, criou uma conta falsa no Orkut com o nome de Luciano Tufayle Cabreira, pela qual adicionou pelo menos 15 amigos da vítima antes de estabelecer relação com ela, uma advogada identificada nos autos apenas como “Carolina”. O falso namorado se apresentava à advogada por fotografias como um rapaz de boa aparência e apegado à família. A vítima tentou conhecê-lo pessoalmente, mas o namorado virtual sempre inventava uma desculpa para evitar o encontro. Carolina declarou que Luciano era uma espécie de “alma gêmea” para ela, tamanha a afinidade que sentiu por ele. A identificação com o parceiro virtual fez com que, além de confidências, a advogada enviasse a ele fotos e vídeos íntimos. Após oito meses de namoro pela internet, Luciano passou a fazer pedidos à advogada. Primeiro solicitou um emprego para uma amiga que estava em dificuldades. A amiga, no caso, era a própria mulher que se fazia passar pelo rapaz. Carolina levou Aurea para trabalhar na mesma empresa na qual era contratada e passou a ser chefe da golpista, sem desconfiar de nada. Após empregar Aurea, vieram os pedidos de empréstimo de dinheiro. Luciano alegava que enfrentava doença na família e pediu para a vítima entregar os valores à sua subordinada, Aurea, que depois os entregaria a ele. Carolina emprestou R$ 32,1 mil, segundo os autos. Entre janeiro e abril de 2010 os pedidos se converteram em chantagens, segundo a sentença da juíza Maria Leticia Pozzi Buassi, da 4ª Vara Criminal de São José do Rio Preto.
"Crápula" Aurea se fez passar por um irmão de Luciano, identificado como Jorge, e disse à advogada que teve acesso às fotos e aos vídeos íntimos dela e que os divulgaria na internet caso não recebesse mais recursos. Luciano, o namorado virtual, aconselhou a advogada a atender o irmão porque se tratava de um “crápula”. Nessa fase, segundo a decisão judicial, vários depósitos bancários, que totalizaram R$ 8,6 mil, foram feitos em contas de amigos de Aurea, que desconheciam a fraude. Aurea dizia a eles que os depósitos não poderiam ser do conhecimento do marido, por isso pedia que fossem feitos na conta deles. Em abril, por orientação da família, a vítima procurou a polícia para relatar as chantagens. Policiais da Delegacia de Investigações Gerais rastrearam a rede social e chegaram até Aurea, que foi presa por estelionato. A condenação da golpista não garante que a vítima terá o dinheiro de volta. Para tentar recuperar a quantia, a advogada trapaceada vai ter de ajuizar ação por danos morais contra a acusada. O advogado da ré, Wagner Domingos Camilo, 57, afirmou à reportagem do UOL nesta terça-feira (6) que vai recorrer da decisão ao Tribunal de Justiça.
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