Em uma rara entrevista desde a Copa do Mundo de 2010, Dunga falou manteve a avaliação positiva do seu trabalho à frente da seleção brasileira. Questionado sobre as crises que viveu como técnico, ele disse ter assumido problemas que não eram dele e selou a paz com Alex Escobar, jornalista da Globo com quem se desentendeu na África do Sul. “Da minha parte também [não guardo mágoa]. Acontece, a gente comete erro, se altera. O Jorginho falava muito bem dele, é torcedor do América. Quando houve [o episódio] eu até falei com o Jorginho. Ele ficou de fazer esse encontro”, disse Dunga, ao ouvir o entrevistador Tande propor um encontro entre ele e o apresentador, que também mandou seu recado. “Dunga, não quero discutir os motivos da briga, quem estava certo. Quero que você saiba que da minha parte não há qualquer mágoa. Quero te desejar muita sorte na sua vida profissional. Você fez um trabalho muito competente na Copa do Mundo. Queria te encontrar e apertar sua mão”, disse Escobar, em um vídeo gravado pela produção do “Esporte Espetacular”, da Rede Globo, que exibiu a entrevista exclusiva. A discussão aconteceu logo após o jogo entre Brasil e Costa do Marfim, na Copa de 2010. A Globo tentava, por meio de Alex Escobar, uma entrevista com Luis Fabiano, autor de dois gols no jogo, que foi vetada por Dunga. Na entrevista coletiva, o treinador se irritou ao ver o jornalista balançar a cabeça negativamente após uma resposta sua, e reagiu de forma irritada, questionando a postura e disparando palavrões no microfone. O episódio emblemático foi o ápice de uma relação muito turbulenta com a imprensa. Muito questionado pelas suas discussões em campo e fora dele, Dunga diz que os jornalistas reclamavam por não terem acesso fácil aos jogadores durante a preparação da seleção. Segundo ele, os treinos não eram “fechados”, mas sim “organizados”.
“Acho que as minhas atitudes foram certas, porque foram programadas e estudadas coletivamente”, disse ele, dizendo não se arrepender da postura. Para Dunga, seu erro foi assumir responsabilidades que não eram suas dentro da estrutura da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). “Eu dava respostas que tinha de ter passado para outro. Em quatro anos o presidente [Ricardo Teixeira] não teve nenhum problema, porque eu assumi algumas respostas que não eram minhas”, avaliou Dunga, dando a entender que teria “blindado” o cartola de maneira involuntária. Na conversa com Tande, Dunga ainda desconversou sobre seu futuro como treinador, disse ter recebido diversos convites no Brasil e no exterior e voltou a alfinetar os críticos da seleção do tetra. “Os caras falaram que em 1994 ia perder, aí ganhou. ‘Ah, mas ganhou nos pênaltis’. O cara não quer dar o braço torcer. Vai morrer com essa ideia. Ficou 15 anos na seleção. Se tu tem [sic] uma seleção que é boa, tem de ganhar pelo menos uma competição. Vou tomar pancada, vão dizer que sou rancoroso, mas desde que comecei no futebol eu ouvi que o melhor ganha”, disse Dunga, sem deixar claro a qual crítico se referia, especificamente.
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