O Governo da China deu neste sábado um novo golpe à liberdade de expressão na internet ao fechar 16 sites, censurar duas das mais populares redes sociais do país e deter seis pessoas em Pequim, depois que na semana passada circularam na rede rumores sobre um golpe de Estado.
As páginas fechadas nesta operação, considerada uma das maiores intervenções das autoridades chinesa contra a internet, são, entre outras, populares foros como meizhou.net, xn528.com e cndy.com.cn, informou a agência oficial "Xinhua".
A medida também afetou as alternativas dos internautas chineses para o Twitter: os serviços de microblog mais populares do país, o Sina Weibo e o QQ, terão bloqueada até o dia 3 de abril a opção de deixar comentários.
Além dos seis detidos por "fabricar ou disseminar rumores online", esta operação, anunciada durante a madrugada e da qual participou a Segurança Pública de Pequim, inclui as "reprimendas" de outras pessoas que participaram da difusão dos rumores, assinalou o Escritório Estatal de Informação na Internet, responsável por controlar os conteúdos na rede chinesa.
Na semana passada circularam pelas redes sociais chinesas informações sobre supostos disparos na Praça da Paz Celestial e veículos militares entrando em Pequim, até o ponto em que vários meios de comunicação estrangeiros investigaram a possibilidade de um golpe de Estado.
Estes rumores "causaram uma influência muito ruim na opinião pública", afirmou hoje o Escritório Estatal de Informação na Internet.
Apesar dos fortes controles de conteúdo, a China tem a maior comunidade de internautas do mundo - 513 milhões -, e muitos cidadãos confiam mais nas redes sociais e nos foros online para informar-se, já que neles aparecem dados não publicados pelos veículos oficiais.
Outras restrições
No dia 20 de março, o governo censurou uma lista de palavras aparentemente inofensivas, como Ferrari e rinite alérgica dos motores de busca e da rede social Weibo, a mais popular do país. A censura não foi explicada pelo governo, entretanto a proibição veio um dia após o surgimento de rumores sobre um acidente envolvendo o filho de um alto representante do Partido Comunista. O jovem estaria dirigindo uma Ferrari 458 quando sofreu um acidente perto da Ponte Baofusi, em Pequim. Duas mulheres que estavam no carro teriam ficado seriamente feridas, já que a Ferrari estava em alta velocidade.
Nas redes sociais, os chineses começaram a discutir o assunto, tentando identificar o motorista, mas o conteúdo simplesmente desapereceu da rede.
As organizações anti-censura chinesas afirmam que se trata de uma operação para “esconder” o incidente e também para evitar questões mais óbvias: como um funcionário público teria dinheiro para comprar uma Ferrari? Na China, o salário médio para um profissional com curso superior é de menos de R$ 30 por dia, ou seja, o equivalente a R$ 900 no mês. Milhares de chineses, porém, vivem com um salário mensal de R$ 30. *Com informações da Agência EFE
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