A chefe de gabinete do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB),
pediu demissão na noite de terça-feira, depois de ter sido procurada pela imprensa para dar explicações sobre conversas telefônicas dela com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na carta em que anunciou sua saída do governo de Perillo, Eliane Gonçalves Pinheiro alega ser vítima de um equívoco e se diz injustiçada pela imprensa. Segundo ela, a Eliane que troca torpedos pelo celular com Cachoeira e que conversa como velhos conhecidos com o bicheiro seria outra pessoa, mas a Polícia Federal a identifica pelo número do CPF e também pelos celulares e pelo rádio Nextel utilizados nas conversas,
como revelou nesta quarta-feira O GLOBO.
Da Agência O Globo
Nas interceptações telefônicas feitas com autorização judicial, Eliane Gonçalves Pinheiro é avisada pelo bicheiro sobre uma ação da Polícia Federal que seria desencadeada em 13 de maio do ano passado e que tinha como objetivo combater um esquema de fraudes contra a Receita Federal em diversos estados, incluindo Goiás. Cachoeira informa Eliane sobre prefeituras que estariam na lista da PF. Em determinado momento, Cachoeira pergunta se ela falou para o “maior”. Não fica claro quem é o “maior”. Mas Eliane confirma que avisou a pessoa citada, e informa, inclusive, que estava ao lado dela.
Na nota divulgada sobre sua demissão, Eliane confirma que conhece o bicheiro, mas diz que se trata de “vínculos de amizade que considero exclusivamente pessoais”. Ela trabalhava com Perillo desde 2003.
O governador de Goiás também divulgou uma nota na qual nega qualquer envolvimento com o esquema de Carlinhos Cachoeira. “Em resposta à reportagem publicada na última quarta-feira, 4, o governo de Goiás esclarece que não existe em absoluto, qualquer conexão entre o governador Marconi Perillo (PSDB) e o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso por exploração de jogos ilegais durante a Operação Monte Carlo. É injusta e dissociada da verdade a tentativa de relacionar o governador às investigações policiais, uma vez que não há fatos ou quaisquer indícios que o associem à contravenção”, diz um trecho da nota.
A nota afirma, ainda, que o governador atua contra a ilegalidade em seu estado. “A respeito deste assunto, Marconi reafirma que condena veementemente e repudia qualquer sugestão de envolvimento entre a administração estadual e o crime.”
Em Brasília, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) decidiu afastar dois servidores que teriam participado do processo de reconhecimento da demarcação da fazenda Gama, localizada ao lado do aeroporto da cidade, em abril do ano passado. Gravações da Polícia Federal durante investigação sobre Carlinhos Cachoeira apontam que ele teria pagado propina a servidores do Incra para conseguir a liberação das terras, segundo noticiou o jornal “Folha de S.Paulo”.
O Diário Oficial desta quarta-feira publicou a exoneração do chefe de divisão Auro de Souza Arrais. Outro servidor também foi exonerado, mas o nome dele foi incluído equivocadamente no DO. A correção será publicada na edição desta quinta-feira com o nome do segundo funcionário exonerado. Os dois faziam parte do quadro de pessoal da Superintendência do Distrito Federal e Entorno, e estão envolvidos no processo de demarcação da área em que a fazenda está situada.
O Incra afirma que o afastamento de servidores de seu quadro foi feito para permitir que “as investigações transcorram de maneira isenta”. Além disso, o órgão informou que abrirá na segunda-feira processo de sindicância investigativa, e já pediu à Polícia Federal cópia integral do inquérito.
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