A Operação Detalhes da Polícia Federal, que acusou o corregedor da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Roberto Carlos (PDT), de manter oito funcionários fantasmas, formação de quadrilha, peculato, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, seria apenas a ponta do iceberg de uma série de irregularidades que haveria na Casa. Além de correr a boca miúda que quase todos os parlamentares manteriam servidores que jamais pisaram os pés nos corredores da AL-BA, a exemplo de cerca de 100 ex-prefeitos, um “acordo de cavalheiros” teria sido firmado para repartir o bolo da verba extra de gabinete para contratação de assessores. O recurso é destinado aos integrantes da Mesa Diretora, aos presidentes de comissões e aos líderes e vice-líderes de legendas, bancadas ou blocos partidários. Segundo a denúncia, o valor individual seria de R$ 29,7 mil, além dos R$ 60 mil a que cada um tem direito, e beneficiaria quase todos os legisladores. O BN apurou, no próprio site da Assembleia, que, conforme a regra, nada menos que 55 parlamentares preencheriam os requisitos, oito só na vice-liderança do governo. Cuidadosamente, um por um foi encaixado sem se repetir em nenhum outro cargo (veja a lista completa aqui).
Embora a adequação deixe de fora apenas oito deputados – Ângelo Coronel (PSD), Capitão Tadeu (PSB), Deraldo Damasceno (PSL), Joacy Dourado (PT), Maria Del Carmen (PT), Maria Luiza Barradas (PSD), Roberto Carlos (PDT) e Rosemberg Pinto (PT) – a informação é a de que haveria partilha das somas recebidas pelos abrigados para os que não conseguiram o acolhimento sob o guarda-chuva. “Por isso que a composição das comissões varia tanto de uma legislatura para outra. Para dar garantia de que todo mundo vai poder nomear mais assessores, como se as comissões tivessem assessores. Todas as comissões técnicas contam com o pessoal permanente da Casa para dar apoio. É imoral”, acusou o deputado. Consultado pelo BN, o presidente da AL-BA justificou que o pagamento extra acontece em qualquer “parlamento do mundo” e, sem precisar os números, rebateu a denúncia sobre os valores. “Não são todos os deputados que recebem. Só quem é de comissão, de blocos e quem é de Mesa. O valor varia de R$ 19 a R$ 20 mil nas comissões e de R$ 20 a R$ 25 mil na Mesa Diretora”, disse Nilo, ao contestar também haver qualquer acordo entre os parlamentares para repartir o dinheiro. Entretanto, em anonimato, outro deputado negou participar do acerto, mas confirmou a existência do procedimento. Segundo ele, “nem todos aceitaram participar”.
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