O aumento das desigualdades sociais e o crescente desajuste fiscal que ameaça as finanças dos estados estão entre os principais riscos ao mundo nesta década, apontam os especialistas consultados para formular o relatório do Fórum Econômico Mundial (FEM) divulgado nesta quarta-feira (11/01) em Londres.
Pelo estudo, que reúne opiniões de 469 analistas e acadêmicos de vários países, a possibilidade de mais crise econômica e novas turbulências sociais pode inclusive "abalar o progresso apresentado pela globalização".
Os analistas consultados pelo Fórum responderam a exaustivas entrevistas sobre as ameaças percebidas em campos como o econômico, o tecnológico e o ambiental, e reúnem os principais riscos em três blocos: o descontentamento social, a falta de normativa e regulação adequada, e os perigos gerados pela internet.
Como explicou em uma apresentação em Londres o executivo-chefe da empresa da consultoria Oliver Wyman, John Drzik, "há uma série de tendências demográficas, como o aumento do desemprego entre os jovens e o maior número de pessoas em idade de aposentadoria (principalmente em países desenvolvidos) que, combinadas, representam um risco considerável".
Embora as tendências já estivessem presentes no passado "evoluíram rapidamente por causa da crise econômica", aumentando a probabilidade de agitação civil , ao mesmo tempo em que elevaram a pressão sobre alguns estados "cada vez mais endividados".
Na opinião do Fórum, os governos e instituições internacionais devem abordar com rapidez "a falta de regulação e de legislação adequada" em campos como financeiro, tecnológico e ambiental, todo considerados fatores de risco. "Os sistemas do passado devem ser ajustados, as soluções de ontem não valem para hoje", assinalou David Cole, analista de risco da seguradora Swiss Re, quem lembrou a inadequada gestão no caso da crise de hipotecas lixo nos Estados Unidos e da erupção do vulcão islandês em 2010, que teve efeitos negativos para a economia.
Cole sustentou que os governos e instituições "devem cooperar mais" e atuar com "maior transparência e dinamismo" para responder aos riscos atuais, uma necessidade que se evidenciou também na gestão do desastre nuclear no Japão no ano passado.
No caso da regulação do setor financeiro, segundo Drzik "o importante é que não desalente o investimento de longo prazo, necessário para o crescimento".
Outra fonte de risco é, de acordo com o relatório, "o lado obscuro da conectividade" por meio das novas tecnologias, que, ao mesmo tempo em que serve de combustível para a mudança social faz aumentar o perigo de ataques cibernéticos a empresas e governos.
"Embora seja impossível regular toda a internet, tanto o setor público quanto o privado devem fazer esforço para conhecer melhor os riscos que coloca, para aproveitar melhor suas vantagens", apontou o responsável de riscos da seguradora Zurique, Steve Wilson.
Com seu estudo anual sobre riscos globais, o Fórum Econômico Mundial "não pretende dar soluções, mas fazer um diagnóstico claro e preciso para que os políticos atuem em consequência", apontou Lee Howell, responsável da rede de resposta a riscos do FEM.
O Fórum, que em 2011 identificou como principais riscos da década os ambientais, debaterá o conteúdo do estudo deste ano em sua reunião anual em Davos (Suíça), que será realizada entre os dias 25 e 29 de janeiro. Da EFE
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