O Brasil é um país que se move pela emoção. Depois do quê, esquece. Com a tragédia de Realengo, voltou à ordem do dia a tese do plebiscito sobre armas de fogo, que já aconteceu em 2005 e o “não” à proibição ganhou. Agora, a toque de caixa, o Senado tenta um projeto de novo plebiscito, que tem muito ainda o que tramitar, para proibir a venda da arma. Seria ideal a proibição, mas esbarra diante do princípio da liberdade do cidadão à sua própria defesa. Transformada em campanha, este princípio ganha como ganhou em 2005, numa consulta popular caríssima. No Brasil, a venda da arma de fogo é um processo semeado de obstáculos e conseguir evitá-la, pior ainda. O problema e a solução talvez não estejam no plebiscito e, sim, numa fiscalização séria dos organismos de segurança, porque as armas, em tese, estão nas mãos dos bandidos, não nas dos cidadãos. E elas chegam a eles mediante contrabando que a polícia não consegue combater. Aqui, traficante só não anda de tanque nas ruas das cidades pilotando parque chama atenção. De resto, tem-se a arma que se quer no lugar que mandar entregar. Delivere. Serviço a domicílio. Se os órgãos de segurança conseguirem tirar as armas dos bandidos, elas não chegam aos mentecaptos, como o de Realengo, ou aos bandidos de paletó, além dos já conhecidos e classificados. As armas circulam em venda por baixo do pano com a sua numeração raspada. Sem problema. São vendidas nas feiras do rolo. Combatam o bandido armado, o contrabando, fiscalizem as lojas licenciadas para vender. Não com a emoção aflorada pelo choque da cidadania, pelo choro do País, porque dirão, interrogando: por que eles andam armados e nós não temos direito à defesa da vida já que os órgãos de segurança não oferecem? A saída não está no plebiscito. Está na entrada das armas. Nas fronteiras. Inverta-se, então, a questão. (Samuel Celestino)http://www.bahianoticias.com.br/
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