O motorista particular Fábio Diniz está há sete meses tentando tirar seu nome da lista de devedores. E o motivo para tanto endividamento ele mesmo reconhece: descontrole. “Achei que ia conseguir pagar. Mas ficou difícil.” Pensando como ele, mais consumidores contribuíram para que o indicador de inadimplência do Serasa — que mede o número de carnês em atraso — aumentasse 21,4% no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2010. O número é o maior desde 2002, quando o índice subiu 40,4% em igual comparação.
O crédito facilitado foi um dos motivos que influenciaram no aumento. “O fator determinante não é só o acesso ao crédito, mas a facilidade. Nesses últimos anos, a economia em ascensão e políticas adotadas pelo governo — como o Bolsa Família — fizeram com que muitos brasileiros migrassem para as classes C e D e começassem a participar mais ativamente do mercado”, analisa o professor de economia da Trevisan escola de negócios, Antônio Colângelo Luz.
Fábio Trindade também caiu na armadilha do crédito facilitado. “Com o crédito fácil, aproveitei para comprar alguns eletroeletrônicos, mas perdi o controle”, conta o funcionário público.
Os jovens consumidores também estão participando mais ativamente deste cenário. “Há cinco anos, 6% da inadimplência era provocada pela classe mais jovem (de 15 a 20 anos). Hoje, essa faixa de idade já representa cerca de 20% da inadimplência”, diz Luz.
Isso ocorre, segundo o professor de economia, principalmente, devido à iniciativa dos bancos. “Os jovens podem ter um cartão de crédito ligado a contas universitárias cada vez mais cedo e sem ter de comprovar renda”, explica.
O que pesa no bolso
Para o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, o aumento da inadimplência não é descontrolado, mas pesará no bolso do consumidor. “Para o crédito, o aumento de inadimplência significa o aumento do risco para a instituição na hora de emprestar o dinheiro, o que se reflete em juros mais altos.”
Para o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, o aumento da inadimplência não é descontrolado, mas pesará no bolso do consumidor. “Para o crédito, o aumento de inadimplência significa o aumento do risco para a instituição na hora de emprestar o dinheiro, o que se reflete em juros mais altos.”
Com juros maiores, parcelar as compras fica mais difícil. “No momento em que a política monetária já está aumentando os juros para controlar inflação, temos uma segunda pressão. O que deve encarecer bastante o crédito”, explica o assessor da Serasa.
E a expectativa é que a inadimplência continue subindo, segundo o economista. “O crescimento da inflação diminui a renda real do trabalhador. Desta forma, ele pode ter menos capacidade de pagar as dividas que já assumiu.”
O economista ressalta ainda que o crédito fácil é muito positivo, mas apresenta um perigo se o consumidor não souber usar. “Esse tipo de conhecimento a população só adquire com educação financeira e bom senso na hora das compras”, diz Almeida.De http://www.jt.com.br/seu-bolso/
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