"Não foi agora, mas a nossa comunidade teve visibilidade", disse, em clima de luto, o líder comunitário do Jardim Gramacho Alexandre Freitas, conhecido como Gordin. Ao lado dele, oito irmãos do catador Tião e a Bateria Cem por Cento aguardavam, em cima do palco, o resultado da categoria melhor documentário do Oscar.
A estrutura foi montada na principal praça do bairro, em Duque de Caxias, que fica próxima ao lixão que serviu de cenário para o filme "Lixo Extraordinário".
Quando, em Los Angeles, foi anunciado o prêmio para "Trabalho Interno", amigos e parentes não esconderam o choro. Mas a bateria continuou tocando para que o evento não acabasse em lágrimas. "A festa continua", disse Freitas.
Cerca de três mil pessoas compareceram ao evento idealizado por Tião, personagem do filme, que estava em Los Angeles na cerimônia.
A praça apinhada de botecos ganhou um palco com telão e cadeiras. Mas, desde o princípio da festa, o clima na plateia, formada por catadores, parentes e moradores da região, era morno.
O evento começou por volta das 19h, e teve apresentação de bandas de funk, pagode e a exibição de "Lixo Extraordinário. O público começou assistindo ao filme atento, mas, no final, bocejava nos trechos em inglês, quando era preciso prestar atenção nas legendas.
Uma mensagem gravada por Tião dias antes foi exibida no telão para injetar ânimo na torcida:. "Estou de smoking, vou pisar no tapete vermelho, mas em cada momento estarei pensando em vocês. O Oscar é nosso".
A mais emocionada era sua mãe, Dona Gerusa, que chegou a passar mal e foi amparada por amigos.
Apresar da derrota, a presença de Tião entre os astros de Hollywood foi, por si, considerada uma vitória para a comunidade.
"Tudo o que ele fez foi para mostrar a nosso pai até onde poderia chegar. E ele estivesse vivo veria que o Tião é um vencedor", disse Carla Simone dos Santos, 37, irmã do catador.De http://www1.folha.uol.com.br/
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