por Nuno Krause / BN
Foto: Silvonei Viana / Botafogo S.C
Cento e sete anos. Esse é o tempo que o Botafogo Sport Club da Bahia, sete vezes campeão estadual, tem de história. A última conquista do Baianão foi em 1938, é bem verdade, e de lá pra cá o clube viveu mais baixos do que altos. Foi desativado em 1990, para voltar em 2011. Conquistou um acesso para a Série A em 2012, mas fechou as portas novamente em 2014, após ser rebaixado. Em 2021, o 'Diabo-rubro' tem a chance de recomeçar. Neste domingo (1º), o Botafogo disputa o primeiro jogo final da Série B do Baianão contra o Barcelona de Ilhéus, às 15h, no estádio Pedro Amorim, em Senhor do Bonfim. No comando dessa história está Matheus Vazquez, técnico de apenas 22 anos.
Formado em Educação Física pela Unimes - com "s" mesmo - de Praia Grande, sua cidade natal, o jovem foi contratado inicialmente para ser auxiliar técnico e analista de desempenho no clube de Senhor do Bonfim. Quem o chamou foi o treinador português João Mota, que acabou deixando o clube pouco tempo depois, após receber uma proposta do Sudão.
Para o lugar de Mota, foi anunciado Lucho Nizzo, mas não por muito tempo. No período de hiato entre os dois comandantes, Matheus ficou como técnico interino. "Jogamos um amistoso com o sub-20 do Bahia e ganhamos [no período]. Conquistei a confiança da diretoria e dos jogadores. Trouxeram outro treinador e não deu certo. Em três jogos, teve duas derrotas. Os jogadores falaram 'efetiva o Matheus, confia nele, o trabalho dele é bom'. A diretoria acatou, estávamos quase eliminados mesmo", conta Vazquez, em entrevista ao Bahia Notícias.
A estreia não poderia ser melhor: vitória por 5 a 1 para cima do Barcelona de Ilhéus, adversário deste domingo. "Acredito que o resultado se deu por uma mudança de postura, concentração e confiança dos jogadores. Assim que assumi, busquei trabalhar bastante o aspecto mental, além da retomada de alguns conceitos táticos que foram esquecidos com o tempo, mas conseguimos reavê-los em poucos treinos", afirmou o jovem, à época.
O resultado colocou o Botafogo novamente na briga pela semifinal. Os quatro primeiros colocados avançavam, e o clube estava em terceiro, mas ainda precisava encarar o confronto direto contra o Camaçariense para confirmar a vaga. Fora de casa, a equipe comandada por Matheus venceu por 2 a 1 e terminou a fase de grupos na posição em que estava. Na semifinal, o Diabo-rubro bateu o Grapiuna, time que foi eliminado invicto, nos pênaltis, após empate em 0 a 0.
Apesar de ter nome, CNPJ e estrutura iguais, o Barcelona de Ilhéus goleado pelo Botafogo-BA na fase de grupos não é o mesmo que vai entrar em campo neste domingo, pela final da Série B do Baianão. Sete novos jogadores foram contratados e toda a comissão técnica foi trocada. De qualquer forma, Vazquez garante já ter estudado bem as mudanças.
"Eu assisti aos dois jogos deles com o time diferente, para tentar analisar. O que acontece é o seguinte: por mais que tenham trocado os jogadores, a maneira de jogar é parecida. Estamos nos preparando da mesma maneira que fizemos para os outros jogos. Estamos ligados no que o Barcelona pode fazer, mas nosso foco é na nossa melhora de desempenho", declarou o treinador.
COMO LIDAR COM OS EXPERIENTES?
Ser um treinador de 22 anos de um time que tem jogadores que, em sua maioria, são mais velhos que você, não deve ser uma tarefa fácil. Porém, Matheus destaca que consegue administrar isso a partir do trabalho que desenvolve.
"Normalmente é difícil, porque você pega jogadores experientes, que já passaram por vários clubes e eles vêem um treinador de 22 anos. Mas foram eles que pediram para a diretoria. Eu acabei conquistando a confiança deles, e por conta disso não tenho problemas em relação a respeito, ordem, hierarquias. O que eu peço, eles fazem. A gente se fala bastante, principalmente os atletas mais líderes, estamos sempre trocando ideia para tentar ver no que podemos evoluir. É um grupo que me respeita bastante", ressalta.