Cirurgia é feita pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia
Quésia Vitória, de 10 anos, foi a primeira paciente do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, a ser submetida a uma cirurgia com técnica inovadora para corrigir deformidade nas pernas, provocada pela doença de Blount. Ela operou a primeira perna em julho do ano passado e a segunda em dezembro e se prepara para retirar o aparelho do lado direito na próxima quarta-feira (24). O Into é vinculado ao Ministério da Saúde
Pioneiro no Brasil, o procedimento garante um tratamento mais confortável às crianças e adolescentes, que estão entre os casos mais frequentes, e com maior controle das correções ortopédicas. A doença de Blount é um distúrbio de crescimento que se caracteriza pela alteração no desenvolvimento da tíbia (o osso da canela), levando à deformação progressiva das pernas.
De acordo com o instituto, Quésia desenvolveu a doença a partir dos três anos de idade, quando o encurvamento das duas pernas começou a se tornar mais grave. O pai da menina, Valdemir Carmo do Nascimento, relatou que a filha sentia muitas dores e tinha muita dificuldade para andar. “Nós procuramos um tratamento e, finalmente, encontramos esse no Into. Quando recebi a notícia de que a Quésia seria operada, eu chorei de felicidade”, contou Nascimento. Ele atestou a rapidez com que os resultados da cirurgia foram observados: “Em pouco tempo, as pernas da minha filha começaram a voltar para o lugar. Fiquei muito feliz porque o resultado foi muito rápido e satisfatório”.
Inovação
O chefe do Centro de Alongamento e Reconstrução Óssea do instituto e idealizador da técnica, Flávio dos Santos Cerqueira, afirmou que esse procedimento é um agente de transformação. Ele já foi aplicado até agora em quatro pacientes e já tem agendado mais um para a próxima semana. Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O médico explicou à Agência Brasil que anteriormente, para corrigir essa deformidade, era usado um aparelho fixador circular, mais incômodo, mais volumoso, que dificultava a higienização do paciente. “O conforto para a criança fica pior. Aí, a gente conseguiu adaptar o aparelho monolateral, mais leve, mais confortável”.
Batizada de dupla osteotomia de abertura gradual e controlada, a técnica cirúrgica insere um fixador externo na perna do paciente para a realização de duas aberturas ósseas. Por realizar essas aberturas de maneira gradual, o novo procedimento é menos doloroso e reduz as chances de necrose da pele e de lesões dos tecidos encurtados, informou o Into, por meio de sua assessoria de imprensa. Além disso, a estrutura do aparelho utilizado na técnica é mais leve e menor, o que facilita os movimentos do paciente.
A deformidade provocada pela doença de Blount pode ser bilateral, ou seja, nas duas pernas, como foi o caso de Quésia, ou unilateral, em apenas uma das pernas. Flávio Cerqueira disse que a criança pode “fazer carga e fazer marcha”, ou seja, andar durante todo o tratamento. Mesmo com o aparelho na perna, essas crianças já andam. O aparelho permite a carga”.
Piora