por Leandro Aragão
Foto: Reprodução
A Medida Provisória nº 984/2020, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no último mês de junho, transferiu ao clube mandante o direito de transmissão dos seus jogos de futebol. O decreto foi bem recebido pelos grandes do futebol brasileiro. Mas e para os menores? A reportagem do Bahia Notícias conversou com os dirigentes de algumas agremiações do interior da Bahia, que se mostraram esperançosos em captar novas e maiores receitas, mas ao mesmo tempo com uma certa desconfiança se de fato vai ajudar ou não nesse aumento da arrecadação.
O presidente do Conselho Deliberativo do Jacuipense, Felipe Sales, vê a questão com oportunismo para criar, mas faz ressalva em relação ao alinhamento com os demais clubes. "Ela pode ser boa e pode ser ruim, porque acaba dificultando para a gente tratar em bloco sobre determinada competição que vamos disputar e isso pode acabar gerando impacto financeiro para os clubes. Agora, por outro lado acho uma grande oportunidade de se reinventar dentro do mercado, como produto. Podemos criar uma série de situações para favorecer a monetização da nossa atuação como clube. Nós já temos a TV Jacupa e certamente vamos avançar nesse tema mais para frente. Na verdade, já temos tido algumas reuniões. Mas temos uma expectativa boa", analisou.
O dirigente do Atlético de Alagoinhas, Albino Leite, seguiu a mesma linha de raciocínio do dirigente de Riachão do Jacuípe sobre a nova MP. "Isso abriu um leque bom para todo mundo se souber negociar", ressaltou. "Vamos lutar muito para trazer bons recursos ao Atlético. Esperamos que em 2021 a gente esteja na Série C e Copa do Brasil. Estamos trabalhando para isso", completou.
Thiago Souza, presidente do Conselho Deliberativo do Bahia de Feira, demonstrou empolgação com a MP 984. "Vai ser melhor, já que no modelo antigo, o que a televisão paga para os clubes do interior é uma cota irrisória. Não é uma cota significativa aqui no nosso estado. Acredito que se os clubes pequenos se organizarem, podem ter um retorno maior", disse.
Já o vice-presidente do Jacobina, Rafael Damasceno, foi cauteloso ao comentar os benefícios da MP ao BN. "Ainda não sei. Acho que vamos ter que ir à prática para ver. Os clubes grandes comemoraram, porque eles têm competição o ano todo, eles negociam, é mais fácil. Mas para a gente que a televisão só tem interesse em transmitir Bahia e Vitória aqui na Bahia, eu não sei como vai ficar isso. Pode ser que seja melhor, pode ser que fique muito pior. A gente só vai saber quando isso realmente for para a prática e qual vai ser a reação do mercado referente a isso. Só o tempo para dizer se isso foi bom ou ruim para os clubes pequenos", falou.
A questão das diferenças entre as cotas pagas pela TV à dupla Ba-Vi e aos clubes baianos menores também foi pontuada por Sales. "Temos um grande desequilíbrio no pagamento de cotas da TV. No Campeonato Baiano, os clubes menores e do interior, que não são Bahia e Vitória, recebem uma cota muito pequena enquanto Bahia e Vitória recebem bem mais. É natural isso, por considerar o potencial comercial de cada uma das agremiações, mas é absolutamente deficitária as competições", disse. "[A MP] É algo muito novo, não temos parâmetros para basear, mas os indicativos são muito favoráveis. Óbvio que não podemos nos comparar com clubes como Bahia, Vitória e outros do futebol brasileiro, mas independentemente, com a MP, a gente sabe que o clube mandante, não transferindo mais os direitos de transmissões dos seus jogos para entidades do futebol ou uma rede de televisão especificamente, pode negociar de uma maneira melhor e fazer uma ação que permita monetizar melhor do que com as cotas de TV que temos atualmente", finalizou.
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