por Anna Carolina Papp | Estadão Conteúdo
Foto: Reprodução / Portal Sua Escola
Ano a ano, pesquisas reforçam que o Brasil é um país desigual. Porém, um levantamento mostra que a concentração de renda é ainda mais alarmante do que as estatísticas oficias reportam. Dados divulgados na quarta-feira (11), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2017, as famílias da classe A ganharam 22 vezes a renda das famílias das classes D/E. No entanto, esse abismo social tem quase o dobro do tamanho - a diferença entre os extremos da pirâmide é de cerca de 42 vezes. Levantamento da Tendências Consultoria Integrada com base em dados da Receita Federal mostra que, em 2016, as famílias com renda mensal acima de 20 salários mínimos abocanhavam 38% da renda nacional. Já segundo os dados oficiais, da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad), a classe A detinha apenas 14,9% da massa de renda. Os economistas Adriano Pitoli e Camila Saito, responsáveis pelo estudo, fizeram uma espécie de Pnad "ajustada" para chegar a um número mais preciso sobre distribuição de renda. Para as famílias com ganhos de até cinco salários mínimos por mês, foram utilizados os dados tradicionais da Pnad. Já para a população que ganha acima desse valor, foram consideradas as declarações de Imposto de Renda. Os dados de 2016 estão consolidados. Já o de 2017 é uma projeção com base no histórico, uma vez que as informações da Receita referentes a 2017 só serão divulgados ao final deste ano. "Apesar de já apontar enorme desigualdade, a Pnad tende a subestimar os dados de renda, pois as pessoas não informam corretamente o seu rendimento", diz Adriano Pitoli. Ele explica que a Pnad, por ser declaratória, não mensura de forma precisa algumas fontes de renda, como ativos financeiros, aluguéis e ganhos eventuais, como dividendos, indenizações e FGTS. A pesquisa aponta ainda que a subestimação fica maior à medida que se avança na pirâmide. Nas famílias com renda de cinco a dez salários mínimos por mês, a massa de renda ajustada pela Receita é 25% maior do que a apurada pelo IBGE. Entre os brasileiros que ganham entre 20 e 40 salários mínimos,