RICARDO GUGGISBERG*
O CEO da Volkswagen, Martin Winterkorn . Ele pode caiu após o escândalo envolvendo fraudes em testes de emissões de carros a diesel (Foto: AP Photo/Richard Drew)
Não deixa de ser uma triste ironia ver a imagem verde cultivada por Ângela Merkel para seu país ser arranhada por uma das mais conhecidas marcas alemãs justamente na semana em que China e Estados Unidos firmam um acordo climático histórico. Ela, que tanto tem se empenhado para que as negociações deste final de ano em Paris tenham um bom resultado, deve ter sentido um grande alivio ao ver os dois maiores emissores globais de gases causadores do efeito estufa – e, portanto, dois atores fundamentais nessa questão – assumirem perante a opinião pública que adotarão uma visão comum para o acordo e que implantarão políticas internas ambiciosas. Mas a chanceler alemã também pode ter sentido o desafio de promover a transição da própria indústria européia para uma economia de baixo carbono.
Não foi por acaso que a Volkswagen envolveu-se em um escândalo de dimensões planetárias envolvendo motores a diesel. Embora a população europeia tenha mostrado uma alta adesão a bicicletas, trens elétricos e outros meios de transporte com pouca ou nenhuma emissão, a maioria dos fabricantes europeus de veículos tem uma preocupante dependência do diesel. E o motivo é que, trafegando na contra-mão, a Comissão Europeia e os governos dos países membros da bloco não alteraram o programa de estímulo o uso de motores a diesel implantado no final do século passado.