Júlio César Cardoso * Bacharel em Direito e servidor federal aposentado * Balneário Camboriú-SC
O Brasil, lamentavelmente, é um país irremediável no combate ao nepotismo, toma lá dá cá, balcão de negócios e outras barganhas indecorosas. A indecência não é culpa só deste governo, mas um traço de indignidade derivado desde os primórdios da República. Por isso, por exemplo, quando os políticos do PSDB criticam o comportamento do PT, PMDB etc., se esquecem de que não são diferentes, ou seja, são também farinha do mesmo saco. Existem exceções, mas poucas.
Se não fosse por interesses velados e facilmente percebidos, poucos abraçariam o exercício político por muito tempo. Há parlamentares abonados, que estão no Parlamento apenas para mediar os seus negócios particulares e de amigos, que nem deveriam receber salários. Há outros, não abonados, que fazem do Parlamento cabide de emprego. Apenas alguns estão preocupados, realmente, em servir a nação.
Com efeito, ser político no Brasil é um grande negócio, pois as vantagens auferidas são muitas. E é por isso que as dinastias políticas se multiplicam no país. Parece até que o cidadão dessa linhagem já nasce com o DNA político, de tão manifesto é o seu interesse solerte pelo exercício político.
Pois bem, quando se assiste ao governo leiloar cargos públicos com os políticos da base de apoio para aprovar as medidas de ajuste fiscal, que o povo não deu causa, tem-se a exata dimensão do quadro de nossa corrupção política. Este país viciado deveria se espelhar nas boas práticas de países civilizados e de respeito com a coisa pública, como Nova Zelândia, Dinamarca etc.
Enquanto aqui a raiz da corrupção está alicerçada na distribuição de “cargos de confiança”, que podem ser ocupados sem mérito e concurso, na Nova Zelândia os serviços públicos não são preenchidos por indicação política, o que garante serviços públicos eficientes, sem nepotismo ou favorecimento político.
Vejam a estatística do escândalo
Nos dez órgãos federais cujos cargos de confiança apresentam os menores porcentuais de filiados, os escândalos de corrupção são raros: Marinha (4,8%)-zero; Relações Exteriores (5%)-3; Aeronáutica (5,5%)-zero; Escola Nacional de Administração pública (6,3%)-zero; Exército (7,3%)-zero; Fundação Oswaldo Cruz (8%)-zero; Superintendência de Seguros Privados (8,3%)-zero; Defesa (8,6%)-1; Inmetro (8,6%)-zero; Comissão de Valores Mobiliários (8,8%)-1.