Um homem de 37 anos entrou na Justiça contra a Polícia Militar em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas. Marcelo Amaral de Oliveira afirma ter trabalhado cerca de 20 anos no 23º Batalhão da PM, mas nunca foi reconhecido oficialmente como soldado. Sem contracheque ou número de registro, ele tem como provas inúmeras fotos ao lado de viaturas e de militares, além do testemunho de alguns policiais que teriam trabalhado com ele.
A paixão de Marcelo pela corporação é percebida sem que ele diga uma só palavra. Na casa onde mora, fotos dele vestindo farda estão espalhadas pelas paredes. Até o toque do celular é uma homenagem à PM: quando o telefone toca, o que se ouve são as sirenes das viaturas. Ele conta que começou a frequentar o batalhão aos 15 anos, sempre com o sonho de um dia se tornar um policial. “Todos diziam para eu não desistir e acabei assumindo algumas funções dentro da PM. Eu continuei todo esse tempo porque acreditava que eles iam me dar uma chance”, declara.
Marcelo diz que já fez várias provas para entrar na corporação, mas foi reprovado em todas elas. Apesar de nunca ter recebido salário, ele garante que cumpria horário de trabalho, usava uniforme da PM, era obrigado a bater continência, além de manter o cabelo cortado e a barba aparada, de acordo com as exigências militares. “Se eu não trabalhava lá, porque eu tinha que cumprir horário? Tinha que seguir aquelas regras todas? Eu fui iludido por todo esse tempo. Eles me diziam para não desistir do meu sonho e eu acreditei. Fiz todos os exames, cheguei a fazer aulas de educação física junto com os policiais, fiz exames médicos, odontológicos, tudo dentro do batalhão”, ressalta.